Representante do Rio Grande do Sul na comissão especial do Senado que vai discutir o impeachment de Dilma Rousseff, Ana Amélia Lemos (PP) evita comentários sobre o mérito do processo de afastamento da presidente desde que teve o nome cogitado para a relatoria dos trabalhos.Nas redes sociais, anteriormente, a senadora havia defendido a saída do PP e a entrega dos cargos no governo petista. Ao mesmo tempo, manifestou apoio ao impeachment. Cautelosa, uma vez que a partir de hoje estará na condição de "juíza" da instauração do processo que pode custar o mandato da presidente, Ana Amélia defende um Senado dedicado "full time" ao impeachment. Desta segunda-feira até quarta-feira, ZH publicará entrevistas com os três senadores gaúchos sobre o tema.
Qual é a sua posição sobre o afastamento da presidente Dilma Rousseff?
Como estou na condição de integrante da comissão especial que vai analisar essa questão do impeachment, e na segunda-feira teremos eleição para escolher presidente e relator, eu me sinto impossibilitada, na condição de juíza do caso, de falar sobre o assunto neste momento. Gostaria de me reservar o direito de não responder à questão agora.
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Seu partido, o PP, orientou e teve maioria dos votos na Câmara em favor do impeachment. A posição da legenda serve para a bancada do Senado?
Não, a deliberação do partido tratou apenas dos deputados. O partido ainda não deu orientação no Senado. Essa discussão será feita no momento oportuno.
Instalada a comissão especial nesta segunda-feira, será possível votar a admissibilidade do processo de impeachment até 11 ou 12 de maio, como propõe a presidência da Casa?
As urgências do país são tão graves que temos de cuidar do rito processual para evitar questionamentos sobre o direito à ampla defesa. Também não podemos descuidar da grave situação que vivemos. São mais de 10 milhões de desempregados, inflação superior a 7% e queda na arrecadação de 7% no mês passado. O governo, na proposta de lei orçamentária, está prevendo a inclusão da CPMF. É urgente resolver essa instabilidade e retomar discussões de projetos de interesse nacional. O Senado estará full time dedicado à questão do impeachment.
O vice-presidente Michel Temer, se assumir a Presidência, conseguirá pacificar o país e conduzir um governo de transição?
É uma missão difícil, mas não é impossível. Temer tem capacidade de fazer isso pela experiência parlamentar que teve. Presidiu a Câmara dos Deputados mais de uma vez, muitas vezes ocupou a Presidência da República, inclusive em períodos turbulentos da vida nacional. Eu sempre sou confiante na capacidade das nossas lideranças.
Qual a sua opinião sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) que pretende antecipar as eleições presidenciais para este ano?
Essa PEC tem um problema para ser constitucional. Ela até seria dispensável se a presidente e o vice renunciassem aos seus cargos. Desse modo, ela seria automaticamente implementada, porque assim está escrito na Constituição, seriam chamadas eleições. Agora, precisa combinar com os russos. Para ser constitucional a PEC, deveríamos ter eleições para Presidência da República, Câmara, Senado, Assembleias Legislativas e governos estaduais. Neste caso, todos os senadores teriam de abrir mão do restante de mandatos, da mesma forma os deputados.