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Após quatro meses de investigações, a Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) desmobilizou o grupo responsável por sequestrar e manter em cárcere por cinco horas a funcionária de um banco de um shopping de Canoas, que só foi liberada mediante extorsão. A quantia, não revelada, foi entregue pelo marido, também funcionário do banco.
Sob comando dos delegados Joel Wagner e João Paulo Abreu, 30 agentes deflagaram a Operação Tocaia, que cumpriu quatro mandados de busca e apreensão – três em Canoas e um em Sapucaia do Sul – e prendeu preventivamente três pessoas. Um quarto suspeito está foragido. O dinheiro da extorsão não foi recuperado, mas a polícia apreendeu três veículos que podem ter sido adquiridos pela quadrilha a partir do sequestro.
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Entre os presos está um ex-vigilante do banco onde as vítimas trabalham. Segundo Wagner, o segurança deixou o emprego na agência dois meses antes do sequestro (ocorrido em dezembro de 2015) e é apontado como responsável por passar todas as informações privilegiadas que tornaram possível o crime, como a rotina, as práticas e os valores do banco. Ele foi preso na casa que supostamente foi usada para o cárcere da vítima.
– Esse tipo de crime (sequestro mediante extorsão) é muito grave, porque traz consequências muito graves aos familiares e funcionários. Todos se sentem muito expostos, porque os criminosos conhecem muito da vida das vítimas – afirma o delegado.
As prisões desta quarta-feira envolvem o crime ocorrido em 9 de dezembro de 2015. Segundo uma testemunha, o casal que foi vítima saiu de casa e teve o carro batido pelos bandidos, que, em seguida, anunciaram o sequestro. A mulher ficou como refém das 7h às 11h daquela quarta-feira, quando o marido retirou uma quantia, não revelada, do cofre do banco que fica em um shopping. A mulher foi liberada às 14h.
As informações desse tipo de crime, como valores e nomes, não são divulgadas para não expor ainda mais as vítimas e para preservar a segurança. Desde 2014, o Deic tem focado no esclarecimento desse tipo de caso. E, conforme o delegado João Paulo Abreu, tem conseguido reduzi-los.
– É uma investigação do tipo qualitativa, que envolve muito trabalho de inteligência – destaca Abreu.
A partir do depoimento dos envolvidos e análise do material apreendido, o Deic espera identificar outros crimes cometidos pela quadrilha, como tráfico de drogas, numa espécie de retroalimentação entre as diferentes frentes de atuação.