Após cerca de quatro horas e meia, terminou por volta das 23h25min desta terça-feira, o encontro entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio da Alvorada, em Brasília. O encontro, porém, foi inconclusiva. Os dois devem continuar a conversa na manhã desta quarta-feira, quando dará uma resposta durante café da manhã marcado com a presidente.
Acompanhados pelos ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), Dilma e Lula discutiram eventual nomeação do ex-presidente petista para um dos cargos no primeiro escalão do governo.
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Questionada depois da homologação da delação premiada de Delcídio Amaral (sem partido-MS), a entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no governo Dilma Rousseff será com status de primeiro-ministro. Se tiver a indicação confirmada, o líder petista chegará para tomar as rédeas da reação ao impeachment, em uma composição que deixará a presidente Dilma Rousseff como figura secundária dentro do próprio Palácio do Planalto.
Nas negociações dos últimos dias foi ventilada a opção de colocar o ex-presidente na Casa Civil e ou nas Relações Exteriores, mas a preferência ficou pela Secretaria de Governo, na vaga de Ricardo Berzoini, que seria secretário-executivo da pasta, espécie de "vice-ministro". Na nova função, Lula responderia pela articulação com o Congresso, governadores, prefeitos e movimentos sociais, na figura de interlocutor do governo com a base política e eleitoral. O discurso oficial preparado pela base é de que ex-presidente assumiria o ministério para "evitar o golpe do impeachment".
Na reunião com Dilma, o petista impôs algumas condições caso decida entrar no governo: autonomia na articulação política com a base aliada e mudanças na política econômica para garantir a retomada do crescimento.
Além da tentativa de barrar o impeachment, a possível nomeação de Lula mira sua situação e de seus familiares na Lava-Jato. A pressão de petistas para que o ex-presidente se torne ministro ficou ainda maior com a homologação da delação de Delcídio. A indicação era defendida desde o ano passado, coro reforçado depois da condução coercitiva do líder petista.