O presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, dirige nesta segunda-feira um conselho de ministros extraordinário sobre o ataque jihadista que deixou 18 mortos no domingo em Grand Bassam, o primeiro a atingir este país.
Quinze civis e três membros das forças de segurança morreram no ataque neste balneário próximo a Abidjan, anunciou nesta segunda-feira o ministro marfinense do Interior, Hamed Bakayoko.
"Três terroristas foram abatidos", acrescentou o ministro em uma coletiva de imprensa.
O balanço anterior era de 14 civis e dois membros das forças de segurança mortos, assim como seis terroristas abatidos.
Entre as vítimas estão quatro franceses e uma alemã.
A vítima alemã foi identificada como Henrike Grohs, de 55 anos, que era diretora do Goethe Institute de Abidjan.
Além das vítimas mortais, 33 pessoas ficaram feridas, segundo dados oficiais, mas a imprensa fala de mais desaparecidos.
"Serão tomadas medidas, especialmente em relação à segurança", afirmou à AFP uma fonte próxima à presidência. O ataque foi reivindicado pela Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI).
Em estado de comoção
Os criminosos chegaram no domingo por volta das 12h30 locais na praia e abriram fogo de maneira indiscriminada, segundo várias testemunhas. Uma delas disse que um agressor gritava "Alá Akbar!" (Deus é grande).
Por suas características, este ataque lembra o que deixou 38 mortos em um hotel de Sousse (Tunísia) no dia 26 de junho, que foi reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI). Trata-se do primeiro deste tipo na Costa do Marfim.
A estação balneária de Grand Bassam ainda estava nesta segunda-feira em estado de comoção. "Não dormi a noite toda. Ainda tremo ao pensar no que vi ontem (...)", afirma Salata, uma vendedora da praia.
Centenas de pessoas se dirigiram nesta segunda-feira ao local do ataque. Uma mulher, entre soluços, procurava o filho, também vendedor na praia. "Não está no hospital, nem no necrotério. Não sei onde está. É deficiente", dizia.
"Estes ataques covardes dos terroristas não serão tolerados na Costa do Marfim", afirmou no domingo o presidente Ouattara, ao se dirigir ao local. "Tomamos medidas importantes (...) a situação está sob controle (...) seguimos reforçando a segurança em todo o território marfinense", disse.
O presidente elogiou a ação das forças de segurança, que atuaram "45 minutos depois" do início do ataque, "controlado em três ou quatro horas".
Segundo fontes de segurança ocidentais, as forças policiais agiram efetivamente de forma rápida, diferentemente do ocorrido em outros atentados em solo africano.
Um país ameaçado
No entanto, é preciso lembrar que a Costa do Marfim estava prevenida: vários serviços de inteligência ocidentais advertiram que o país estava ameaçado, assim como o Senegal.
Por isso, as autoridades reforçaram os controles de segurança no país. Um plano antiterrorista foi implementado e "elementos das forças especiais estavam e estão prontos para atuar rapidamente em todo o território", disse uma fonte de segurança.
Os Estados Unidos saudaram a valentia das forças de segurança marfinenses, mas também francesas, que permitiram "evitar um maior número de mortos".
As autoridades francesas não anunciaram ter participado das operações. A França tem uma base localizada precisamente entre Abidjan e Grand Bassam, que serve essencialmente de apoio logístico à operação Barkhane de luta contra os grupos jihadistas da zona.
Um jornalista da AFP viu militares franceses armados em Grand Bassam e constatou a presença de gendarmes franceses.
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