Uma análise de especialistas pode esclarecer se o assassinato do migrante senegalês Cheikh Tidiane (foto abaixo), 28 anos, foi legítima defesa ou execução em Caxias do Sul.
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A Polícia Civil solicitará ao Instituto-Geral de Perícias um levantamento mais detalhado na granja onde Tidiane trabalhava e foi morto na noite de 25 de fevereiro. Jairo Procópio Oliveira Camargo, 48, autor confesso, responde o inquérito em liberdade.
Por enquanto, a Delegacia de Homicídios e Desaparecidos tem duas versões: a que foi apresentada por Camargo e a mulher dele e a de conhecidos de Tidiane. No momento do crime, porém, apenas o casal e o senegalês estavam no local, uma propriedade rural na localidade de São João da 4ª Légua, região de Galópolis.
De acordo com a mulher, que não teve nome divulgado, Tidiane tentou beijá-la na frente do bar da família, que funciona junto à granja. A mulher se negou e procurou o marido para relatar o assédio. Irritado, Camargo buscou uma arma e tentou tirar satisfações com Tidiane. Houve discussão entre os dois homens, e o migrante foi baleado na perna. Em seguida, o senegalês investiu contra Camargo. Nesse momento, ele levou um disparo no peito e morreu.
Diferentemente do depoimento da esposa, o autor relatou que estava nos fundos da propriedade e ouviu gritos. Em seguida, pegou uma arma e se dirigiu até o bar, onde encontrou o senegalês tentando agarrar a mulher. Camargo sustentou que apenas tentou se defender.
A comunidade de senegaleses em Caxias, porém, afirma que o motivo do crime estaria relacionado a uma dívida. Semanas antes da morte, Tidiane pegou a moto de Camargo e se acidentou. Desde então, o homem pressionava o senegalês para que pagasse o conserto, o que gerou uma desavença.
- Não acreditamos nessa história de assédio. Tidiane morreu por causa da dívida da moto - afirma o presidente da Associação dos Senegaleses de Caxias, Aboulahat Ndiaye, o Billy.
Para o delegado Guilherme Gerhardt, a perícia pode determinar se Tidiane investiu contra Camargo para atacá-lo ou para desarmá-lo. Ferido na perna, o senegalês pode ter tentado fugir dos disparos, o que descaracteriza a legítima defesa. Ou seja, o crime teria sido cometido sob violenta emoção. A previsão de Gerhardt é concluir o inquérito até o final da próxima semana. Por enquanto, está descartada a prisão preventiva do autor.
DESDOBRAMENTOS
Investigação
Polícia Civil pede nova perícia em granja onde senegalês foi assassinado em Caxias
Intenção é esclarecer se caso foi execução ou legítima defesa
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