
O Ministério Público Federal (MPF) afirmou, em coletiva de imprensa na manhã desta sexta-feira, que existem evidências de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu valores com origem no esquema de corrupção na Petrobras, alvo de investigação da Operação Lava-Jato. Segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, o conjunto de indícios contra o petista é "bastante significativo".
– Certamente, o governo do ex-presidente foi o maior beneficiário desse esquema, um esquema de compra de apoio político-partidário _ disse o procurador.
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Lula foi levado ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para prestar esclarecimentos, mediante mandado de condução coercitiva. Entre os indícios que pesam contra o ex-presidente, está a informação de que as maiores empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato pagaram as maiores quantias de doações ao Instituto Lula e à LILS Palestras (empresa privada cujos sócios são Lula e Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula) entre 2011 e 2014.
– Existe uma confusão operacional e financeira entre as duas entidades, ainda a ser confirmada – afirmou o auditor fiscal da Receita Federal Roberto Lima.
As duas principais fontes de suspeitas são o fato de funcionários e pessoas ligadas ao Instituto Lula serem responsáveis pela contabilidade da LILS e a constatação de que as empresas que contrataram palestras do ex-presidente são as mesmas que fizeram as maiores doações ao Instituto Lula. Cerca de R$ 30 milhões de doações e pagamentos feitos pela Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC são alvo de investigação. A força-tarefa apura se as palestras pagas pelas empreiteiras, de fato, ocorreram.
Na coletiva de imprensa, foi esclarecido que não há pedido de prisão de Lula e de sua esposa, Marisa, mas não foi informado se foi pedida a quebra de sigilo bancário e telefônico. O MPF justificou a condução coercitiva de Lula para que o ex-presidente falasse "em segurança".