O carro, o celular, a cadeira de proteção do filho de três anos e algumas compras do supermercado. Além de um pedido de R$ 5 mil para não perder seu carro em meio a um sequestro-relâmpago. Esse foi o saldo da experiência vivida por uma das vítimas da quadrilha especializada em roubo de veículos presa na Região Metropolitana na manhã desta quinta-feira, que conversou com ZH.
A empresária de 33 anos, que pediu para não ser identificada, narrou a ação criminosa e descreveu os 20 minutos desde a abordagem do bandido , no estacionamento de um supermercado em Canoas, até o momento em que foi deixada em uma rua sem movimento, em Esteio:
– Foi a minha vez da roleta-russa.
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Como foi o crime? Houve agressão?
Desde que ele me abordou, ele disse que eu poderia ficar tranquila, que ele não faria nada. Passou um carro da polícia e ele me disse: "Não faz nada". Durante o percurso, ele me perguntava se eu tinha dinheiro. "Quanto tu me dá por ele? Eu vou passar o carro por R$ 5 mil". Eu disse que tinha R$ 2 mil. Mas ele não quis. Não houve agressão física.
Qual foi tua reação após o ocorrido?
Fiquei abalada, com mania de perseguição. Instalei alarmes em carro, câmeras de monitoramento, cerca elétrica. Cuidado redobrado. Olho para todos os lados. Passei por acompanhamento psicológico, fiquei várias semanas sem dormir, desesperada. Não admitia que não conseguiam encontrar. Chorava, às vezes escondida, mas procurei me manter firme. Hoje, me vigio mais, sempre com medo.
Que medidas de segurança tu estás tomando desde então?
Quando entro no carro para dirigir tranco as portas, evito falar ao celular na direção, entro pela porta de trás para colocar meu filho na cadeira, tranco a porta, coloco o cinto nele e passo para o banco da frente por dentro do carro. Pulando de trás para a frente. Alguns familiares acham que estou paranoica, que não é para tanto. Mas tu nunca vai ter medo até o dia que acontecer contigo.
Os bandidos te ligaram para resgatar o veículo?
Uma semana depois me ligaram, dizendo que estavam com o carro. Se eu deixasse a quantia de R$ 1,2 mil, eles devolveriam. Que eu poderia ficar tranquila, que eles estavam acostumados, que sabiam como tudo funcionava. Que eu poderia confiar neles.