Ao contrário do que o senso comum diria de um cientista, Iván Izquierdo trabalha com emoção e leva conceitos das artes para o laboratório. O escritor Jorge Luis Borges, argentino como ele, foi quem o colocou no caminho do estudo da memória, assunto em que é um dos maiores especialistas no mundo.
Enquanto não está trabalhando para engordar a lista de quase 700 trabalhos científicos publicados, ininterruptamente, desde 1957, ele solta a voz: um de seus prazeres é cantar boleros, antigas músicas mexicanas ou, em inglês, canções de Cole Porter e George Gershwin. O violão, ao lado do sofá de seu apartamento, na zona sul de Porto Alegre, anda meio parado, "pois os dedos ficaram duros", diz ele.
Naturalizado brasileiro em 1981, Izquierdo é o pesquisador latino-americano com mais citações por seus pares e já recebeu mais de 60 premiações, como a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Científico, o Prêmio Conrado Wessel e a comenda da Ordem de Rio Branco. Todos os dias, antes de ir à PUCRS, lê dezenas de trabalhos científicos recém publicados. Aos 78 anos, Izquierdo permanece pesquisando, e muito.
- No dia em que eu parar, vou morrer. Então, prefiro fazer as duas coisas ao mesmo tempo - brinca.
Com a palavra
Iván Izquierdo: "A memória do medo nos mantém vivos"
Pesquisador fala sobre a memória, sua maior especialidade, e como é ser cientista no Brasil
Bruno Felin
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