As mais de 15 câmeras de segurança que fazem a vigilância do restaurante Habib's, no bairro Moinhos de Vento, não foram um obstáculo para que pelo quatro homens entrassem armados no local, sem máscaras, e fizessem um arrastão por mais de 10 minutos durante a noite da última quinta-feira.
Para o delegado Marcelo Moreira da Silva, diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, a ação dos bandidos reflete um comportamento cada vez mais comum entre os assaltantes da Capital: eles não temem mais a vigilância por acreditar que sairão impunes do crime.
– Hoje as câmeras não tem sido mais um obstáculo. Esse é um tipo de crime de oportunidade, os ladrões se sentem seguros em cometê-lo e, e isso porque eles acreditam que não permanecerão presos por muito tempo – complementa.
O ataque ao Habib's foi, pelo menos, o quinto caso de arrastão em restaurante na Capital nos últimos três meses. Durante o período em que permaneceram no local, os bandidos roubaram pertences de cerca de 30 clientes e levaram o cofre do estabelecimento. Conforme relatos de testemunhas, eles agiram de forma discreta e organizada.
De acordo com Moreira, apesar do elevado número de assaltos nos últimos meses, ainda não há nenhum indicativo que se trate de uma quadrilha específica e especializada nesse tipo de roubo:
– Esse é um tipo de crime que não tem grande investimento em planejamento. Nos parece mais crimes de oportunidade, na qual um dos homens vai ao local antes, vê como está, e o delito é cometido. Não exige uma complexidade maior, como um assalto a banco.
De acordo com o tenente-coronel Kleber Rodrigues Goulart, comandante do Policiamento da Capital, o alto índice de assaltos a estabelecimentos comerciais tem levado a Brigada Militar a intensificar o patrulhamento motorizado:
– Esse é um tipo de crime que ao longo de 2015 nos preocupou bastante, então começamos a mapear os locais onde estão ocorrendo as ações e a manter isso mais no nosso foco.
Goulart afirma que as guarnições estão fazendo contato preventivo com os estabelecimentos para orientar os proprietários e funcionários sobre como agir ao notar alguma atitude diferente por parte das pessoas que ingressam no local.
Além disso, o delegado Moreira explica que muitas vítimas deste tipo de assalto acabam não registrando queixa na polícia, o que dificulta as investigações. No caso do arrastão ao Habib´s, na qual mais de 30 pessoas foram vítimas, somente uma havia registrado ocorrência na polícia até o meio-dia de sexta-feira.
– As pessoas têm que ir à polícia, para termos mais conhecimento dos fatos. Às vezes, por exemplo, uma pessoa que tem o celular roubado acha que não vale a pena registrar ocorrência, mas esse mesmo dispositivo pode estar sendo usado pelo ladrão, o que ajudaria a encontrá-lo – alerta.