Para muitos caxienses, a notícia de que a economia da cidade voltou a aquecer seria o melhor presente de final de ano. Infelizmente, porém, especialistas analisam que é bom não contar com isso. Até outubro, o desempenho econômico de Caxias acumula perdas de 17%. Para o fechamento do ano, a expectativa é que esse índice ainda piore mais um pouco e que o início de 2016 seja semelhante a todo 2015: desacelerado. Os resultados da economia, assim como as projeções, foram apresentadas na tarde desta terça-feira pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias. As informações são do jornal Pioneiro.
Com prejuízo acumulado de 21,7% no ano, a indústria — que normalmente é quem mais impulsiona o desempenho da cidade — vem sofrendo com a falta de pedidos e com as expressivas demissões. Alexander Messias, diretor de Economia, Finanças e Estatística, destaca que o fato de Caxias ser tão dependente do setor metalmecânico intensifica a crise na cidade:
— Existe um processo de desindustrialização do setor metalmecânico em todo país. Em outros tempos, isso fazia Caxias crescer mais que a média. Agora, porém, essa concentração no segmento faz a cidade sofrer muito mais — analisa.
Atualmente, a indústria da cidade (incluindo a da construção civil) emprega 78,8 mil trabalhadores, o que representa 8 mil vagas a menos do que em 2014 e é semelhante ao número registrado em 2007. O setor retornou, portanto, ao patamar de oito anos. Todas essas demissões fizeram a massa salarial da indústria cair 23,1% em 2015:
— Percebam a relação disso com o desempenho do comércio (as vendas caíram 26,2% em 2015). O poder de compra do trabalhador da indústria interfere diretamente nas comercializações — explica Ivonei Pioner, diretor da CDL.
Para 2016, ao menos para os dois primeiros meses, as expectativas são consideradas "baixíssimas". Carlos Zignani, diretor da CIC, ressalta que as questões políticas estão atrapalhando (e muito) o início da recuperação:
— Todo mundo está segurando os investimentos porque está com medo do que pode acontecer.
Apesar disso, o executivo cita três oportunidades que podem melhorar o cenário a médio e longo prazo: o agronegócio, as exportações e a substituição das importações (as duas últimas motivadas pelo dólar alto).
Recessão
Economia de Caxias deve encerrar 2015 com queda superior a 17%
Para 2016, ao menos para os dois primeiros meses, as expectativas são consideradas "baixíssimas"
Ana Demoliner
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