O Ministério Público Federal (MPF) deve apresentar na segunda-feira denúncia contra o pecuarista José Carlos Bumlai, que ganhou fama por ser frequentador assíduo do Palácio do Planalto durante os dois governos de Luiz Inácio Lula da Silva. O empresário rural está preso desde 24 de novembro em Curitiba, por conta da Operação Lava-Jato, que apura corrupção em contratos firmados com a Petrobras, e foi indiciado pela Polícia Federal pela prática dos crimes de corrupção passiva e gestão fraudulenta.
Saiba por que José Bumlai, amigo de Lula, foi preso pela Lava-Jato
A prisão, feita num hotel em Brasília, foi ordenada pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Batizada de Operação Passe Livre, a 21ª etapa da Lava-Jato cumpriu 25 mandados de busca e apreensão, um de prisão preventiva (de Bumlai) e seis de condução coercitiva nos Estados de Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, além do Distrito Federal.
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No dia em que foi preso, Bumlai iria depor na CPI do BNDES, no Congresso. Ele é suspeito de ter se beneficiado em contratos desse banco de fomento controlado pelo governo federal. É o que afirma um dos delatores da Lava-Jato, o lobista Fernando Soares, o Baiano. Em depoimento, Baiano disse ter repassado R$ 2 milhões a Bumlai como comissão a que o pecuarista teria direito por, supostamente, pedir a intermediação de Lula em uma negociação por um contrato.
BNDES teria emprestado R$ 101,5 mi de forma suspeita a amigo de Lula
Baiano representava a empresa OSX, interessada em vencer licitação para construir navios-sonda para explorar petróleo na camada de pré-sal. Ele teria pago os R$ 2 milhões para Bumlai para que ele intercedesse para agendar uma audiência com o ex-presidente da República, em 2011. A audiência ainda teria participação de João Carlos Ferraz, então presidente da Sete Brasil, uma das fornecedoras da Petrobras na exploração petrolífera.
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O negócio não foi adiante, mas Baiano afirma ter pago o dinheiro pela intermediação. Bumlai, em entrevistas, negou ter pago suborno, mas admitiu ter levado empresários do setor de petróleo para audiências com o ex-presidente Lula. O fato teria ocorrido em 2011. Outra delação, feita por um dos diretores do Banco Schahin, afirma que o grupo emprestou R$ 12 milhões a Bumlai para que ele marcasse uma reunião com o tesoureiro do PT Delúbio Soares, em 2004. A intenção era garantir um contrato para operar o navio-sonda Vitória 10.000. Em troca, o PT teria perdoada uma dívida com empresas do grupo. O juiz Moro considerou que o fato aparenta corrupção:
– Quanto ao empréstimo e sua quitação fraudulenta, apesar das complexas operações financeiras e triangulações fraudulentas, tem-se, em tese, crimes de corrupção ativa e passiva. Não na concessão fraudulenta do empréstimo, mas em sua quitação. A concessão pela Schahin da quitação fraudulenta do empréstimo em 27/01/2009 caracteriza vantagem indevida concedida a José Carlos Bumlai e, por conseguinte, ao Partido dos Trabalhadores, em decorrência da contratação da mesma empresa pela Petrobrás para a operação do Navio Sonda Vitoria 10.000. Além das fraudes documentais, o fatos configurariam, em princípio, crimes de corrupção e lavagem de dinheiro – resumiu Moro, ao ordenar a prisão de Bumlai.
Não há nenhuma prova contra Lula, afirma Sérgio Moro
Além de Bumlai, devem ser denunciados dirigentes do Banco Schahin e o delator Fernando Baiano.
Operação Lava-Jato
Denúncia por corrupção contra José Carlos Bumlai está pronta
Ministério Público Federal deve processar o pecuarista, amigo de Lula, por crime de corrupção
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