A recompensa por dedicar seus sábados a ensinar balé para um grupo de meninas da periferia de Alvorada veio de forma inesperada - e emocionante - ontem para a adolescente Claudia Souza Malta Costa, 15 anos. A jovem foi homenageada por suas pupilas durante a formatura das 80 meninas apresentadas ao balé pela profe Clau e que ao longo de 2015 fizeram da dança uma forma de vencer as limitações de quem jamais imaginou rodopiar de sapatilha, meia calça e colã.
Além de um clipe com depoimentos das alunas, fotos e vídeos das aulas, elas deram bonecas usando os figurinos que o grupo usa nas apresentações. Há três anos ela dá aulas de balé e dança para meninas da Escola Estadual Maurício Sirotsky Sobrinho, no Bairro Maria Regina, em Alvorada, onde estuda no 2º ano do Ensino Médio.
Em novembro do ano passado, quando o Diário Gaúcho fez a primeira reportagem contando a história de superação de Clau, a turma era formada por 50 garotas. Agora já são 110 dividas em dois turnos, com aulas sempre aos sábados.
- É maravilhoso ver isso. Não tem dinheiro no mundo que pague o carinho que elas têm por mim. Eu também aprendo muito com elas - disse Clau, emocionada.
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Foram quatro meses de ensaio e uma rifa feita para arrecadar recursos para confeccionar os trajes e as medalhas para o grande dia. A formatura teve a apresentação de cinco músicas e entrega de medalhas e certificados.
Do grupo, 36 foram eleitas destaques do ano. As escolhidas por Clau foram as que fizeram os melhores espacates - movimento de abrir as pernas para que fiquem paralelas ao chão -, praticavam os exercícios com disciplina e que menos faltaram as aulas.
- Eu percebo uma grande melhora delas. Estão mais concentradas e conseguem fazer toda a dança com mais desenvoltura - comenta Clau.
O orgulho das mães
Da plateia, as mães babavam pelas meninas sem saber saber se aplaudiam ou fotografam as apresentações. A vendedora Janaína Furtado Gomes, 34 anos, é mãe da mais nova do grupo. A pitoca Ana Júlia Gomes, três anos, também mostrou que já consegue dar os primeiros passinhos em meio às demais colegas de dança.
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- As aulas têm feito muito bem para o desenvolvimento dela, da relação com outras crianças e até mesmo ajuda no desenvolvimento do diálogo. Por ela ser a menor, todas ajudam a cuidar. Somos como uma família - conta a Janaína.
A mãe também se envolve auxiliando nos ensaios e nas apresentações. Só de ver todas vestidas, de coque e maquiada, emocionou-se ao perceber o resultado de um trabalho de formiguinha feito graças à garra de Clau:
- Ver os olhos dessas crianças brilhando é o melhor, muitas passam dificuldades mas aqui tu sente que elas estão felizes.
Todas as aulas são supervisionas pela mãe da jovem, a vendedora autônoma de cosméticos e figurinista Marlene Costa, 49 anos.
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Gabriela foi destaque
Durante a apresentação, as meninas puderam mostrar a desenvoltura que já têm no palco sem ficarem intimidadas pelo público. Gabriela Goulart, nove anos, foi destaque em uma das músicas aplaudidas pela plateia já início da coreografia. Para ela, dançar virou mais um motivo para ir bem na escola. Na fala da menina, está a maior recompensa pelo esforço e a paciência da jovem professora:
- Quero seguir o exemplo da Clau, ser educada e esforçada. Consegui decorar os passos logo e Clau me colocou bem na frente - diz.
O pai, o comerciante Adriano dos Santos, 32 anos, se orgulha da menina e já vê avanços na sua disciplina:
-Nos dias em que ela vai ter aula, nem consegue dormir direito, ansiosa pela aula da Clau.
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Recompensa em carinho
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Jeniffer Gularte
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