A Comunidade Terapêutica (CT) Acolher, em Gravataí, recebeu 170 competidores neste final de semana para o 2º Torneio da Sobriedade. Formado por homens que já passaram pelo tratamento e estão recuperados da dependência das drogas, 15 times de comunidades terapêuticas de todo Estado disputaram os troféus de primeiro, segundo e terceiro lugares. Também foi premiado o goleiro menos vazado, a melhor torcida e, o mais importante, o time com a melhor disciplina para quem teve menos faltas e melhor comportamento em campo.
Recuperado há sete anos, o coordenador da CT Acolher, Fabrício do Prado Leite, 38 anos, afirma que o esporte proporciona a adrenalina e o prazer que, antes, os competidores só encontravam nas drogas:
- Eles se sentem motivados jogando. E não teve briga, pontapé, nada. O fundamental é a disciplina, e o futebol motiva isso. Eles ficam muito animados.
Comunidade terapêutica completa quatro anos com bons exemplos
Por prazer
Apaixonado por futebol desde criança, o auxiliar administrativo Guilherme Medeiros, 32 anos, de Viamão, deixou o esporte em função do vício e há quatro anos faz dele mais um motivo para se manter longe das drogas após o tratamento no Centro de Recuperação Imaculada Conceição, de Gravataí. Ele jogou até os 17 anos no Grêmio e agora é jogador do Ouro Verde, time do Bairro Sarandi, na Zona Norte da Capital, que foi campeão gaúcho de futebol amador neste ano.
- Usei drogas dos 17 aos 28 anos. Nesta época, decaí, deixei o futebol e o trabalho, não estudava. Agora, tenho prazer em jogar bola de novo. É o prazer que antes eu tinha com a droga.
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Em família
O monitor e goleiro da CT Acolher, Márcio Soares, 33 anos, teve uma torcida especial durante o torneio. O filho Nicolas, sete anos, a esposa Andrea, 44 anos, e os pais, Osmar e Guimar Soares, ambos com 70 anos, acompanharam todas as partidas disputadas por ele. Morador do Bairro Sarandi, foi usuário de drogas por 12 anos e a há cinco está longe do vício.
- Além de resgatar meu filho, ganhei mais uma família com as duas filhas da minha mulher. Meus pais agora podem dormir tranquilos - conta ele.
- É uma outra vida para nós, uma bênção de Deus ver ele assim - diz a mãe Guiomar.
O futebol também incentiva Márcio a ter convivência e fortalecer vínculos com outros dependentes em tratamento ou recuperados.
- Podemos conversar abertamente e construir amizades realmente verdades - avalia Márcio.
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Competição a cada três meses
Um dos integrantes da comissão organizadora dos jogos, André Marcio de Oliveira, 41 anos, explica que os torneios ocorrem a cada três meses em diferentes cidades. O próximo será em fevereiro na Comunidade Terapêutica Padre Reus, em Triunfo. Os treinos, porém, são semanais ou quinzenais em cada comunidade.
- Queremos motivar quem está em tratamento a também querer entrar nos times. E para os recuperados esta é uma forma de manter o vínculo com as fazendas, de ter todos os unidos mantendo o ciclo de recuperação - conta ele, recuperado há seis anos.
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Gravataí
Torneio de futebol reúne homens recuperados da dependência das drogas
Quinze times disputaram troféus na Comunidade Terapêutica Acolher, em Gravataí
Jeniffer Gularte
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