Dos 91 municípios do Rio Grande do Sul onde o número de mortes superou o de nascimentos no ano passado, 40% estão concentrados nas regiões Noroeste e Norte (20 e 17 municípios, respectivamente). A cidade que apresentou o maior encolhimento em todo o Estado foi Porto Lucena, no Noroeste, onde foram registrados 21 óbitos a mais do que nascimentos.
Para o coordenador de informações do IBGE no Estado, Ademir Koucher, os números mostram a tendência na última década de significativa redução populacional em áreas do interior gaúcho. No Norte e no Noroeste, a taxa de crescimento demográfico "está em vermelho" há pelo menos duas décadas, avalia o pesquisador. Parte da explicação se deve ao fluxo migratório.
- São regiões de intensiva atividade agrícola monocultora, onde outros setores ficam um pouco afogados. Além do processo de mecanização mais intenso, também se percebe uma dificuldade em segurar o jovem no campo. Eles acabam buscando emprego em outros lugares, com maior mercado, e por lá fixam residência.
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Os registros do IBGE vinculam cada nascimento ao município de residência da mãe, e não ao local do parto, a fim de evitar distorções provocadas pela falta de maternidades em cidades de pequeno porte (tema de reportagem publicada em ZH em 7 de novembro). Os dados divulgados têm como base os registros efetuados em 2014 em cartórios em todo o país de nascimentos, casamentos e óbitos.
Em terceiro lugar, a região que mais escancara a inversão entre morte e vida é o Vale do Taquari - em que 13 municípios registraram mortalidade superior à natalidade. Em seguida vem a Serra e a Região central, com encolhimento populacional em 11 e 10 cidades, respectivamente.
Em relação ao número de habitantes, 57% dos municípios listados têm população inferior a 4 mil moradores; 27% entre quatro e 7 mil; oito entre sete e 9 mil, e cinco entre nove e 20 mil. Se nas cidades de pequeno porte o encolhimento se deve principalmente à migração de jovens para outros centros, nas maiores, a inversão entre número de mortes e nascimentos se deve também pelo aumento da violência, indica Koucher.
Dados do IBGE
40% das cidades gaúchas com mais mortes do que nascimentos ficam no Norte e Noroeste
Encolhimento populacional nas localidades deve-se principalmente à migração de jovens para centros urbanos com maior oferta de empregos
Bruna Scirea
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