A atribuição do Nobel da Paz ao Quarteto de Diálogo Nacional tunisiano, instância que permitiu conduzir a transição no país, "é uma homenagem aos mártires da democracia tunisiana", disse nesta sexta-feira o secretário-geral do sindicato premiado com o Nobel junto com outras três organizações.
"Este esforço feito por nossa juventude permitiu que o país virasse a página da ditadura", acrescentou Houcine Abassi, líder do histórico sindicato União Geral do Trabalho (UGTT), que foi um dos impulsionadores em 2013 do diálogo que também reuniu a patronal Utica, a Liga Tunisiana de Direitos Humanos (LTDH) e a ordem dos advogados.
Também é o esforço "dos partidos políticos que aceitaram estar na mesa de negociações para encontrar soluções às crises políticas no país", acrescentou.
Dois anos após a queda de Zine al Abidine Ben Ali, o assassinato em fevereiro e julho de 2013 de dois opositores de esquerda afundou o país em uma profunda crise política.
Milhares de manifestantes exigiram então a queda do governo dirigido pelos islamitas do Ennahda, vencedores das primeiras eleições democráticas da Tunísia, em outubro de 2011.
O UGTT instigou o diálogo nacional no seio do Quarteto.
Embora a Tunísia tenha alcançado sua transição política, segue enfrentando grandes desafios econômicos e de segurança, em um ambiente regional marcado pelos conflitos e pela violência jihadista.
O país sofreu dois atentados em 2015: um que deixou 22 mortos em março no museu do Bardo, na capital, e outro que matou 38 pessoas em um hotel turístico em Sousse (leste), em junho.
"Espero que esta homenagem seja um incentivo ao conjunto do povo árabe", comentou o secretário-geral da UGTT.
* AFP