
A Defesa Civil de Porto Alegre estima que os moradores abrigados pelo município devem levar pelo menos mais dez dias para voltar para casa. Mais de 640 pessoas seguem alocadas no Ginásio Tesourinha e em outros abrigos montados nas Ilhas.
Segundo o Coordenador da Defesa Civil da Capital, Nelcir Tessaro, é preciso esperar as aguas baixarem para que haja o retorno das famílias.
"Quando o Guaíba alcançar o nível de 1,70 m, nós podemos começar a parte de reconstrução das casas, entrega de kits de limpeza para que elas organizem suas residências, depois de colchões, cobertores e alimentos e só aí as pessoas podem começar a voltar", explica.
Segundo Tessaro, a prefeitura está fazendo o cadastro das famílias e irá disponibilizar aluguel social por um ano aos atingidos. Ele afirma, porém, que a maioria deles não quer sair de casa.
Além de pessoas em abrigos, outros 1,5 moradores das Ilhas e zona sul da Capital estão em casas de parentes e amigos.
Tessaro destaca que as famílias precisam de água, alimentos, produtos de limpeza, de higiene pessoal e fraldas. Não é mais necessário doar roupas. Os donativos podem ser entregues no Ginásio, na Avenida Érico Veríssimo.
A longa espera para voltar para casa
Muitos dos abrigados no Ginásio Tesourinha estão completando quase 15 dias no local. As primeiras famílias chegaram ainda no dia 11 de outubro e agora esperam anciosamente para voltar para casa e recomeçar suas vidas.
A dona Maria Cecília Pinheiro mora com os seis filhos na Ilha dos Marinheiros. Há dois sábados, ela e umas das filhas, que é cadeirante, foram retiradas de casa pelos Bombeiros com água na altura do peito. Foram levadas para o colégio Alvarenga Peixoto, que acabou sendo alagado, e no domingo transferidos para o Tesourinha.
"Sai de casa só com a roupa do corpo, não deu tempo de tirar as coisas. Na minha casa nao sobrou nada, mas eu não vejo a hora de ir embora eu quero reconstruir ela no mesmo lugar", conta ela esperançosa.
O vigilante Márcio Castro também teve que deixar a casa onde vive com os três filhos e a esposa depois que a água tomou conta do local no domingo (11). Hoje ele foi até à residência, na Ilha Grande, para analisar a situação, mas viu que não será possível voltar tão cedo.
"Quando eu vi minha casinha me deu uma vontade de chorar, pensei nos meus filhos. Tudo que a gente construiu foi por água abaixo", lamenta Castro, que já havia perdido tudo em outra enchente ocorrida em julho.
A mulher de Márcio, Fabiane Soares, diz que gostaria de se mudar, mas reclama do aluguel social oferecido pela prefeitura "Não adianta só um ano de aluguel, pois eles ficam com o nosso terreno e não podemos vender, e depois de uma não vou ter condições de comprar outra e aí, fica como?", contesta.
Sobe número de municípios atingidos no RS
Segundo o último balanço da Defesa Civil Estadual, subiu para 131 o número de municípios atingidos pelo mau-tempo no Estado. Foram acrescentados à lista as cidades de Arroio do Meio, Amaral Ferrador, Bom Princípio, Candelária, Jarí, Santana do Livramento e São Francisco de Assis.
O número de famílias fora de casa permanece o mesmo desde ontem, 7,4 mil. São 6,2 famílias em casas de parentes e amigos e outras 1,2 mil em abrigos. Trinta e seis municípios já decretaram situação de emergência e aguardam a homologação por parte do Estado e outros 27 já tiveram o pedido reconhecido pela União.