Os militares que tomaram como reféns o presidente e vários integrantes do governo de Burkina Faso na quarta-feira anunciaram nesta quinta-feira a "dissolução" das instituições do país.
Em um discurso exibido na televisão, Mamadu Bamba, do Regimento de Segurança Presidencial (RSP), anunciou a renúncia do presidente e a dissolução tanto do governo de transição como do Conselho Nacional de Transição.
O RSP, a guarda do ex-presidente Blaise Compaoré - destituído pelos protestos da população em outubro de 2014 depois de 27 anos no poder - rejeita a lei que proíbe a participação dos partidários do ex-presidente nas eleições de 11 de outubro, que devem concluir a transição no país.
As decisões dos militares foram tomadas após a reunião de um "Conselho Nacional da Democracia" que acabou com o "regime desviado da transição", disse o militar na televisão.
"Teve início um grande diálogo para formar um governo que se dedicará à restauração da ordem política do país e da coesão nacional que conduza a eleições inclusivas e calmas", completou Bamba.
A polêmica nova lei eleitoral proíbe a participação dos que apoiaram uma "mudança inconstitucional", uma referência à tentativa de Compaoré, quando estava no poder, de modificar a Constituição para eliminar o limite de mandatos presidenciais.
Após o anúncio dos militares, o presidente do Conselho Nacional de Transição, Cheriff Sy, denunciou na rádio francesa RFI um "golpe de Estado" e pediu a mobilização imediata da população.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, pediu a libertação imediata do presidente, do primeiro-ministro, de dois ministros e do presidente do Parlamento, sequestrados desde quarta-feira pelo RSP.
* AFP