Um grupo de cerca de 20 mulheres, esposas de PMs, bloqueia desde as 6h o portão principal do 15º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. Os 30 homens da Companhia de Operações Especiais (COE) seriam deslocados para fazer o policiamento na Expointer, em Esteio. Por volta das 11h, eles foram orientados a deixar o BPM, mas acabaram barrados pelas manifestantes.
Os policiais pularam um muro ao lado do BPM e, ao chegarem ao portão, formou-se um cordão humano em torno deles. Em um círculo, de mãos dadas, as mulheres impediam que eles se deslocassem, em protesto contra o parcelamento dos salários no funcionalismo gaúcho - foi paga uma parcela de R$ 600 até agora, neste mês.
Esposas impedem saída de PMs para a Expointer Foto: Divulgação
- É a indignação das esposas por conta do parcelamento dos salários. Com R$ 600, o que se faz hoje? Não paga nem o aluguel no nosso apartamento - afirmou a assistente de departamento pessoal Uelen de Moraes, 28 anos, mulher de um soldado da BM.
Dentro do círculo, PMs choraram. As esposas alegam que os maridos não queriam sair para o policiamento, enquanto o comandante do 15º BPM, coronel Oto Eduardo Rosa Amorim, afirmou que foi realizada uma reunião e que os homens ficaram livres para sair ao serviço ou não - mas todos teriam optado por trabalhar.
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* Zero Hora
- Eu perguntei para eles se alguém não queria sair - disse Amorim.
Com o portão bloqueado, o grupo saiu por um mato nos fundos do batalhão. Dois cavalos iam na frente, abrindo espaço para que eles transitassem. Passaram inclusive por um lodo até chegarem à base aérea, onde um ônibus, deslocado de outra unidade, os transportou até a feira em Esteio.
- Me sinto com as mãos amarradas com essa situação de os meninos irem para dentro do barro. E me indigna não saber que conta pagar primeiro - relatou Ariane Ferreira Burmann, 28 anos, analista financeira e esposa de um soldado.