O advogado de defesa de José Dirceu, o criminalista Roberto Podval, disse que o ex-ministro tornou-se "bode expiatório" da Lava-Jato.
- José Dirceu é hoje bode expiatório de um processo, como um grande prêmio - disse o advogado durante coletiva realizada na noite desta segunda-feira, em Brasília.
Podval criticou o fato de colocarem o ex-ministro como "o grande responsável" pelos desvios da Petrobras.
- Colocam em cima dele a grande responsabilidade por todo esse processo? Aí é politizar uma questão - declarou.
Podval disse ainda que a prisão de Dirceu foi decretada em um momento "oportuno", dizendo que agora deve-se encerrar uma etapa da Lava-Jato e dar início a outra.
- Faltava prender o Dirceu, era o que se anunciava - declarou.
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Ao longo da entrevista, o advogado disse por diversas vezes que a prisão não tinha justificativa jurídica e que não houve qualquer fato novo para que o pedido fosse feito agora. Podval disse que nada de novo aconteceu recentemente desde que as investigações sobre o ex-ministro tiveram início.
- Não há absolutamente nada que indique que Dirceu tenha tentado destruir provas, nem risco de fuga e nem tentativa de obstruir investigação. A única justificativa dada foi ordem pública, o clamor que caso teve - disse.
O criminalista criticou as argumentações apresentadas pelo juiz Sérgio Moro, dizendo que os pagamentos feitos à JD Consultoria, empresa do ex-ministro, já existiam e que já haviam sido apresentadas ao juiz da 13a Vara Federal no Paraná.
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Sobre declarações do delator Milton Pascowitch, que revelou como José Dirceu recebia propinas, o advogado disse que o delator falou "o que queriam ouvir, o que era necessário para ter sua liberdade".
Podval disse ainda que o decreto de prisão temporária é uma "antecipação da pena" e que o País vive um momento em que "a exceção vira regra: prender pessoas era exceção". Embora tenha evitado fazer críticas diretas ao juiz Sérgio Moro, o advogado disse que ele "se deixou levar" pelo apelo público.
- Estamos vivendo momento difícil, estão acontecendo coisas diferentes e isso tem se misturado à movimentação processual. Não vou culpar o Sergio Moro, não acho que ele esta fazendo política, mas acho que como qualquer se humano ele reage à pressão popular - disse.
*Estadão Conteúdo