O advogado-geral da União (AGU), Luis Inácio Adams, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) divergiram, nesta segunda-feira, sobre a autoria de uma ação protocolada na última sexta-feira, no Supremo Tribunal Federal (STF) que pede a invalidação de provas obtidas contra o deputado na Operação Lava-Jato.
A AGU ingressou com um recurso no Supremo, em nome da Câmara dos Deputados, pedindo que os documentos obtidos no Departamento de Informática da Casa sejam invalidados. O material foi apreendido no início de maio por autorização do Supremo e a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A ação é parte das diligências realizadas em inquérito, dentro da Lava-Jato, do qual Cunha é alvo. Contudo, o pedido para invalidar as provas só chegou ao Supremo na última sexta, três meses depois da apreensão dos documentos.
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Logo depois de o Broadcast Político ter publicado o pedido feito ao Supremo, Cunha recorreu às redes sociais negando que a ação tenha sido encomendada por ele. Já o advogado-geral refuta a versão dada pelo parlamentar.
- Essa história de que ele disse que não sabia não é verdade. Eu tenho tudo registrado aqui. Tenho dois ofícios da Câmara e ele me cobrou depois por telefone - disse Adams, acrescentando que a solicitação foi feita na última sexta-feira.
- Na sexta-feira não pedi nada. Mentira dele. Cobrei ele de entrar pela Rose de Freitas, senadora contra a Câmara, o que ele não podia ter feito. Mentira que sexta cobrei isso - disse se referindo ao telefonema da semana passada.
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Embora tenha escrito ontem em sua conta do Twitter que não pediu à AGU que ingressasse no Supremo, Cunha disse nesta segunda que, se pediu algo, foi na época do que chamou de "invasão" da Câmara.
- Isso é falta de respeito, se ele foi inepto em três meses e não fez. Nós estamos em agosto. É possível que a Câmara tenha mandado ofício, é normal. Mas eu, no telefone, na sexta, é mentira - disse.
- Cobrei e a ligação caiu, de ele ter advogado pela Rose - afirmou.
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Na semana passada, a presidente da Comissão Mista de Orçamento, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), impetrou um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar anular o ato Câmara que permitiu colocar em votação em plenário quatro contas de presidentes da República. O pedido foi feito via AGU.
Já Adams rebateu as críticas de que tenha demorado para ingressar com a ação no Supremo e disse que a demora se deu porque a Câmara pediu para rever o parecer da AGU.
- A gente fez a petição e a Câmara quis rever, voltou de novo no início de julho e ai já estava em recesso - defendeu Adams.
O advogado-geral disse ainda que, depois do recesso houve uma terceira cobrança de Cunha e então, a ação foi protocolada.
- De fato, o presidente cobrou uma terceira vez. Eu fui checar e pedi que fosse cobrado - explicou.
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- Não pedi para questionar anulação de prova contra mim. Pedi para defender a prerrogativa da Câmara. Tenho advogado, não preciso dele (de Adams). E o que ele fez do ofício? Nada - disse Cunha.
*Estadão Conteúdo