Uma caminhada pelo centro de Charqueadas irá marcar, nesta terça-feira, um mês do assassinato de Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, 17 anos, morto após ser cruelmente espancado na saída de uma festa, no dia 1º de agosto. A passeata, com início marcado para as 18h, parte da frente do Clube Tiradentes - local onde ocorreu o crime -, na esquina das avenidas Bento Gonçalves com 1º de maio, e vai até a Igreja Cristo Rei. Em seguida, será realizada uma missa em memória ao jovem.
Ronei Júnior tinha 17 anos e foi morto na saída de festa organizada para arrecadar fundos para a formatura no Ensino Médio (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
Além de uma homenagem, a mobilização serve para manter viva no município a discussão sobre violência entre jovens, conforme o pai do rapaz. A intenção é, no futuro, criar uma ONG ou consolidar ações permanentes para debater o tema.
Envolvidos na morte de Ronei teriam espancado outros dois jovens em abril
"Não consegui proteger o meu filho", diz pai da vítima
Moradores de Charqueadas fazem caminhada para homenagear jovem morto
- A questão vai muito além da tragédia em si. É um movimento maior, com o objetivo de manter a reflexão na comunidade e, mais para frente, tornar essa mobilização algo mais formal, para que debate em torno de segurança e violência seja uma preocupação permanente - comenta o pai de Ronei.
Sete dias depois do assassinato do adolescente, uma caminhada semelhante percorreu ruas do centro de Charqueadas. Em silêncio, cerca de 4 mil pessoas vestiram camisetas brancas com mensagens de paz e levaram faixas e cartazes até o local onde Ronei foi morto. Após uma oração em frente ao clube, os participantes seguiram para uma missa.
Passeata sete dias após o crime reuniu cerca de 4 mil pessoas (Foto: Maria Eduarda Fortuna / Rádio Gaúcha)
Na última sexta-feira, o delegado Rodrigo Machado dos Reis, titular da Delegacia de Polícia de Charqueadas, encerrou o inquérito sobre o caso. Nove adultos foram indiciados por um homicídio e três tentativas triplamente qualificados (contra o pai de Ronei e um casal de amigos) e por formação de bando. Também foi pedida a responsabilização de sete adolescentes por atos infracionais correspondentes aos mesmos crimes.
De acordo com Ronei, a família acompanha a sequência do processo com expectativa de que seja feita justiça na medida da responsabilidade de cada um dos envolvidos. Conforme o engenheiro, a reação de desprezo e deboche por parte dos envolvidos na morte de seu filho _ algumas foram registradas em áudios de Whatsapp nos quais suspeitos descreviam aos risos o ataque _ tornam a dor pela violência ainda maior:
_ A Justiça vai além da punição pelo ato que resultou na perda do Júnior. É fundamental também para desestimular o comportamento violento em outros jovens.
Veja abaixo a entrevista concedida pelo pai do adolescente a ZH:
Passado um mês do crime, a família de Ronei busca amparo no engajamento pelo debate contra violência para suportar a dor da ausência do rapaz. Mãe do jovem, a empresária Tatiane Faleiro, 38 anos, segue sob acompanhamento médico e psicológico, tomando medicações diárias, segundo o marido.
- Nesses 30 dias recebemos um apoio muito grande. Quando as pessoas vêm à nossa casa, surgem uma série de situações, e já ouvimos de algumas que, com essa tragédia, talvez tenhamos recebido uma missão. Eles tentam nos estimular nesse sentido. A caminhada também é uma forma de agradecer todo o apoio de amigos, de toda a comunidade e da polícia pelo empenho no caso - diz o pai do adolescente.