A pergunta do título foi feita incontáveis vezes, em diferentes formulações, aos candidatos que disputaram a eleição para governador. Para não perder votos, todos tergiversaram na resposta ou apresentaram soluções que dependiam do governo federal ou do crescimento da economia. Relembrar as entrevistas da campanha é pedagógico para mostrar que os candidatos preferiam minimizar o tamanho da crise.
Eleito sem um plano de governo e sem ter feito promessas, José Ivo Sartori esbarra na crueldade da matemática: o dinheiro dos impostos não é suficiente para cobrir os gastos. Em maio, Sartori chegou a anunciar que pagaria em dia os salários até R$ 5,1 mil e quitaria a diferença no mês seguinte. Naquele mês, faltavam cerca de R$ 110 milhões para pagar todas as contas.
Para não desrespeitar as liminares concedidas pela Justiça a sindicatos de servidores, o governo pedalou outras dívidas e pagou dentro do mês os salários do Executivo em maio e junho. Agora em julho, mesmo empurrando para o mês seguinte a parcela da dívida com a União, faltam R$ 510 milhões.
Pressionado, Estado pede mais tempo para rever parcelamento de salários
Com base na previsão de arrecadação, os técnicos calculam que no dia 31 serão pagos, no máximo, R$ 2 mil líquidos para cada servidor. São informações extraoficiais, que deixaram os servidores em pé de guerra. Ontem à tarde, o Palácio Piratini divulgou nota dizendo que "o governo do Estado não confirma quaisquer informações sobre parcelamento de salários dos servidores públicos".
Não confirma é diferente de desmente: o governo não está desmentindo as informações publicadas na coluna. A nota diz apenas que "o Executivo segue fazendo todos os esforços para controlar as despesas, estimular a arrecadação e propor mudanças estruturais para o Estado" e que "dará conhecimento à sociedade gaúcha, com total transparência, das decisões que vierem a ser tomadas."
Projeto da LDO é aprovado na íntegra na Assembleia Legislativa
A existência das liminares contra o parcelamento não garante o pagamento, se no dia 31 não houver recursos em caixa. O Estado não tem como imprimir dinheiro, está impedido de tomar empréstimo e é improvável que caia do céu alguma ajuda significativa do governo federal.
Leia todas as colunas de Rosane de Oliveira
Leia as últimas notícias de Política
Opinião
Rosane de Oliveira: e o dinheiro de onde virá, candidato?
Leia a abertura da coluna Política+ desta sexta-feira em ZH
Rosane de Oliveira
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project