
A 13ª Vara Federal de Curitiba transformou em réus integrantes da cúpula da empreiteira Odebrecht e doleiros que teriam ajudado a empresa a lavar dinheiro obtido a partir de desvios em contratos com a Petrobras.
A decisão foi tomada na tarde desta terça-feira pelo juiz Sérgio Moro, que atua naquele juizado. As 13 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF) na última sexta-feira, por corrupção e lavagem de dinheiro.
Polícia Federal deflagra a 16ª fase da Operação Lava-Jato
Presidente da Eletronuclear teria recebido R$ 4,5 milhões de propina
Viraram réus os executivos da Odebrecht Marcio Faria da Silva, Rogério Araujo, César Ramos Rocha, Alexandrino de Salles Ramos de Alencar e Paulo Boghossian, além do presidente da empresa, Marcelo Odebrecht. Foram acusados também e responderão a processo o doleiro Alberto Youssef, o operador de propinas Bernardo Freiburghaus, os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Serviço), o ex-gerente de Engenharia estatal Pedro Barusco e o funcionário da companhia Celso Araripe D'Oliveira. Freiburghaus, radicado na Suíça, é considerado foragido da Justiça brasileira.
No despacho, o juiz é taxativo: "Há, em cognição sumária, provas documentais significativas da materilidade dos crimes, não sendo possível afirmar que a denúncia sustenta-se apenas na declaração de criminosos colaboradores. Já no que se refere à autoria, as provas são diversas, variando conforme o acusado."
As justificativas mais incisivas para o acatamento da denúncia se referem a Marcelo Odebrecht:
"Marcelo Bahia Odebrech seria o presidente da holding do Grupo Odebrecht e estaria envolvido diretamente na prática dos crimes, orientando a atuação dos demais, o que estaria evidenciado principalmente por mensagens a eles dirigidas e anotações pessoais, apreendidas no curso das investigações", afirma Moro.
Entre as mensagens citadas pelo juiz está a menção, por Marcelo Odebrecht, ao uso de "dissidentes da PF" por parte da empreiteira.
A empreiteira nega envolvimento com o cartel instalado na Petrobrás, com pagamento de propinas, e comparou a ação do juiz Moro a um "reality show" para a mídia.
Veja as acusações que pesam sobre cada um:
ODEBRECHT
- Marcelo Bahia Odebrecht, presidente: organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de capitais
- Alexandrino de Alencar, ex-diretor: organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de capitais
- Cesar Ramos Rocha, ex-diretor: organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de capitais
- Márcio Faria da Silva, ex-diretor: organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de capitais
- Paulo Sérgio Boghossian, ex-diretor: organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de capitais
- Rogério Santos de Araújo, ex-diretor: organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de capitais
PETROBRAS
- Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento: corrupção passiva qualificada e lavagem de capitais
- Pedro José Barusco Filho, ex-gerente de serviços: corrupção passiva qualificada e lavagem de capitais
- Renato de Souza Duque, ex-diretor de serviços: corrupção passiva qualificada e lavagem de capitais
- Celso Araripe dOliveira, funcionário: corrupção passiva qualificada e lavagem de capitais
OUTROS
- Alberto Youssef, doleiro: corrupção passiva qualificada e lavagem de capitais
- Bernardo Schiller Freiburghaus, suspeito de lavar dinheiro de propina da Odebrecht: organização criminosa e lavagem de capitais
- Eduardo de Oliveira Freitas Filho, morador de Porto Alegre, sócio-gerente da empreiteira Freitas Filho Construções: lavagem de capitais