Se os Estados Unidos conseguirem arrancar do Irã, hoje em Viena, um acordo que imponha limites severos a seu programa nuclear - e não há, até o momento, sinais claros de que essa possibilidade esteja garantida -, o governo Barack Obama terá obtido seu mais efetivo feito diplomático.
E isso terá ocorrido justamente na região em que, de longe, sua administração acumula o maior contencioso. Obama falhou em retirar os Estados Unidos do Iraque, em patrocinar uma solução de dois Estados entre israelenses e palestinos, em drenar o pântano afegão e em fortalecer os elementos democráticos no mundo islâmico.
Irã e potências enfrentam "hora da verdade" em negociação nuclear
A Universidade de Al-Azhar, no Cairo, onde proferiu em junho de 2009 seu já esquecido discurso aos muçulmanos, especializou-se em endossar as sentenças de morte de opositores do atual regime do general Abdel Fatah al-Sisi. A política do atual presidente americano para o Oriente Médio é um verdadeiro game of drones que, entre outros desdobramentos, contribui para transformar o Iêmen no Afeganistão da Arábia Saudita.
Nesse contexto, ter conseguido levar os iranianos para a mesa de negociação sobre a questão nuclear já é notável. O acordo delineado em Genebra, em maio, e que se encaminha para um desfecho só foi possível em função do absoluto desespero dos aiatolás para pôr fim às sanções econômicas. O Irã está prestes a concordar com um sistema de inspeções sobre suas instalações e equipes que muitos países signatários do Tratado de Não Proliferação (TNP) - o Brasil, entre eles - jamais aceitariam.
Rússia prevê acordo sobre programa nuclear iraniano nos 'próximos dias'
Muitos dos adversários da negociação afirmam que o Irã poderá, mesmo após assinar o acordo, trapacear e desenvolver armas nucleares. São poucos, porém, os que extraem todas as consequências dessa posição e pregam um ataque preventivo às instalações atômicas iranianas já. Mesmo porque, no atual cenário mundial, até a insanidade está submetida à lei da escassez.
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