Só a autocrítica salvará o PT. Não há outro caminho. Só a autocrítica salvará a política e todos os partidos. Só a autocrítica nos salvará. A todos e a cada um.
O maior exemplo de autocrítica da História foi dado pela Alemanha Ocidental depois do nazismo. Por mais que a dor ainda doesse, o país decidiu olhar para si mesmo de forma honesta e transparente.
Mais do que isso: comunicou ao mundo o resultado desse mergulho nas próprias entranhas apodrecidas.
Ensinou aos alunos nas escolas os horrores da guerra, debateu, purgou, discutiu, chorou, se desculpou. O que continua a fazer até hoje sem qualquer vaidade ou meias palavras.
Se deu certo? Deu. É só olhar para a Alemanha de 2015.
O problema de autocrítica é que ela, muitas vezes, serve de munição aos inimigos. Se algumas das figuras do PT declarassem em público o que pensam e o que dizem em grupos mais restritos, dariam razão a muitos dos seus adversários. É aí que mora a armadilha.
Esse constrangimento só comprova que a autocrítica ainda não está madura. Olívio Dutra foi o primeiro - e talvez o único entre os petistas ilustres do Rio Grande - a dar um passo transparente nessa direção. Disse o que pensava.
Mas tem muito mais gente descontente no PT. Alguns sumiram, outros abandonaram a disputa eleitoral. Outros mandam mensagens cifradas pelo Twitter. Mas ainda falta coragem para pular do balaio de gatos em que se transformou o partido. E para isso, não é preciso sair do partido. É só sair do balaio.
Os inimigos irão se aproveitar. Os falsos amigos irão se sentir traídos. O barulho será enorme. Mas não há como seguir em frente sem olhar para trás com os olhos bem abertos.
A autocrítica não comporta meias palavras, ideias herméticas ou silêncios que se pretendem eloquentes. É preciso chafurdar na lama, se sujar nela.