Os gregos irão às urnas no próximo domingo para decidir se aprovam ou rejeitam o mais novo pacote de austeridade oferecido ao país pelas autoridades europeias e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A decisão do governo de Alexis Tsipras de convocar o plebiscito foi qualificada de "traição" pela chanceler alemã, Angela Merkel. Não é para tanto. Afinal, foram os próprios credores que exigiram a aprovação do pacote pelo parlamento.
Tsipras preferiu apenas compartilhar a decisão com um número maior de cidadãos - algo como 9 milhões de eleitores em vez dos 300 parlamentares propostos pelos europoderosos. Em qualquer dos casos, haverá uma decisão democrática e soberana. Merkel deveria ficar contente.
Na terça-feira, vence uma parcela de 1,6 bilhão de euros devida pela Grécia ao FMI. Que o país não pode pagá-la, é uma verdade admitida por todos, do Nobel de Economia Joseph Stiglitz ao pré-candidato democrata à Casa Branca Bernie Sanders. A fim de chegar a um acordo, o governo grego concordou em incrementar impostos sobre rendas anuais acima de US$ 33 mil, elevar a idade mínima de aposentadoria a partir do ano que vem e substituir progressivamente um abono para beneficiados de baixa renda a partir de 2018.
Os credores propuseram o fim puro e simples do abono em 2017. Diante disso, Tsipras quis ouvir os compatriotas, e seu governo defenderá a rejeição das medidas. Ele sabe que, se for derrotado, não terá mais o que fazer no cargo de primeiro-ministro.
O referendo do próximo domingo não será sobre o governo grego, o sistema bancário ou o euro. Será sobre a ideia muito mais singela de justiça nas relações entre nações soberanas. Você já decidiu seu voto?
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