Pouco depois das 13h30min desta terça-feira, os ex-deputados federais Luiz Argolo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE) e o doleiro Alberto Youssef deixaram a carceragem da superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, e foram levados por agentes armados, em uma van, até a Justiça Federal para prestar depoimento. Na saída da garagem da PF, Argolo, de verde, foi à frente. Logo atrás, vieram Corrêa, de terno cinza, e Youssef, de casaco azul escuro. Agentes fortemente armados faziam a escolta.
Os ex-parlamentares estão presos desde o dia 10 de abril, quando foi deflagrada a 11ª fase da Operação Lava-Jato, denominada "A Origem". Youssef, um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, está detido desde março de 2014.
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Os depoimentos deles serão focados nos fatos apurados na 11ª fase de investigação. Conforme apurações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, Argolo e Corrêa recebiam pagamentos sistemáticos de Youssef, a título de propina. O dinheiro repassado a eles era originado nos desvios de recursos em contratos da Petrobras.
Em contrapartida, os políticos garantiam sustentação ao esquema e aos dirigentes da Petrobras envolvidos em corrupção no Congresso. Antes de ser preso pela operação Lava-Jato, Corrêa já cumpria pena em regime semiaberto devido à condenação no mensalão.
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Os depoimentos também contarão com a presença de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras e delator do esquema. Costa está em prisão domiciliar no Rio de Janeiro, mas permanece em Curitiba, em um hotel, sempre acompanhado por policiais.
Na segunda-feira, Costa participou de uma acareação de quase nove horas com Youssef diante de policiais federais e procuradores que atuam nas investigações que transcorrem em Brasília, onde são investigadas as pessoas com foro privilegiado. Um dos objetivos era dirimir as divergências entre Costa e Youssef sobre supostos pagamentos de R$ 2 milhões às campanhas eleitorais de Dilma Rousseff e Roseana Sarney, ambas em 2010. Mas não houve avanços.
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Na manhã desta terça-feira, Costa voltou a depor, desta vez sem a presença de Youssef, mas novamente diante de investigadores responsáveis pelos inquéritos que correm em Brasília contra detentores de foro privilegiado.
- O que se fez foi uma introdução à abordagem política, sem dar ênfase a nome algum por enquanto. Foi apenas uma hora e meia. Foi um panorama sobre tudo o que possa existir sobre os parlamentares. Ele queria conversar para reafirmar genericamente o papel de cada um, em linhas gerais - afirmou João Mestieri, advogado de Paulo Roberto Costa.
Mestieri explicou que outros depoimentos ainda serão prestados por Costa. Ele ainda informou que, nesta terça-feira, não foi falado nada sobre o ex-ministro Antônio Palocci, investigado por supostamente ter pedido ao ex-diretor da Petrobras dinheiro para a campanha de Dilma Rousseff em 2010. Os políticos citados por Costa como destinatários de propina integram, sobretudo, os quadros do PP, PMDB e PT.
Lava-Jato
Ex-deputados deixam carceragem para prestar depoimento em Curitiba
Envolvidos no esquema da Petrobras, Luiz Argôlo e Pedro Corrêa estão presos por terem recebido propinas pagas por Alberto Youssef
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