Mais uma autoridade da área de segurança pública se envolveu em polêmica por causa de declarações. Desta vez é o chefe da Polícia Civil, delegado Guilherme Wondracek. Em entrevista à Rádio Gaúcha, ontem, desabafou:
- Do jeito que vai, nós vamos em breve... efetivamente não sair mais de casa. <A href="" Evito sair casa à noite?, diz chefe Polícia sobre roubo de veículos?>Evito sair de casa à noite e parar na rua.
Wondracek referia-se à segurança pública e à sensação de insegurança de estacionar veículos na rua à noite. Falava sobre o retrabalho policial com a prisão dos mesmos criminosos que acabam sendo soltos e confirmou que evita sair à noite, especialmente quando acompanhado da família. Segundo ele, esta é uma realidade não apenas de Porto Alegre, mas de todo o país, devido aos assaltos.
No começo deste mês, o comandante do 9º BPM, o tenente-coronel Francisco Vieira, ao ser alertado por jornalistas de que havia assaltantes rondando o evento Serenata Iluminada, na Redenção, disse que "eles podem chamar o Batman".
O Diário Gaúcho foi às ruas da Capital para saber como se vira quem gostaria de seguir o exemplo do chefe de polícia, mas, por razões profissionais, não pode evitar de sair de casa à noite. E, muito menos, chamar o Batman.
"Imagina para os cidadãos comuns"
- Se está difícil para ele, imagina para os cidadãos comuns e para os outros trabalhadores - comentou o taxista Nelson Luis Medina, 66 anos de idade e 28 de profissão.
Nelson afirma que já perdeu a conta de quantas vezes já tentaram assaltá-lo.
- Teve uma vez que tive de sair em ziguezague, pois o assaltante começou a atirar, depois que eu neguei a corrida. Eu já estava encerrando o turno e também vi que ele estava armado - contou.
Apesar dos riscos e de já estar aposentado, Nelson, por uma necessidade financeira, segue trabalhando à noite, até as 5h, três vezes por semana, no ponto da Estação Rodoviária.
- No trabalho, estou sempre atento ao tipo de passageiro. Fora do trabalho, na rua, evito andar em muitos lugares. Por ali, por exemplo, eu jamais andaria a pé. Teve um dia que vi dois serem baleados ali - disse, apontando para a Rua Voluntários da Pátria e para as paradas de ônibus sob o Viaduto Conceição.
"Aqui é cruel"
A apreensão de Nelson é compartilhada pelo cobrador Luiz Felipe dos Reis, 32 anos. Ele trabalha em um guichê para a venda de passagens de ônibus metropolitanos sob o camelódromo. Seu expediente encerra-se às 20h30min.
- Aqui é cruel. Já vi passageiros serem assaltados. As três empresas que atendem nesses pontos já fizeram abaixo-assinado, já solicitaram mais policiamento, mas continua perigoso. O jeito é evitar de ficar parado em locais isolados ou onde não tem outras pessoas - aconselha.
Abel Matias Soares, 54 anos, que trabalha até a meia-noite em uma das bancas de lanches da Prainha do Gasômetro tem suas receitas para enfrentar a insegurança na noite, uma vez que precisa caminhar cerca de 3km até o ponto de ônibus para Eldorado do Sul, onde mora.
- Tomo bastante cuidado. Dá medo. Tem que evitar as ruas pouco iluminadas - recomenda.
"Tem que estar sempre atenta"
Lugares pouco iluminados também são motivos de receio para Jaqueline Dias Lopes, 32 anos, que trabalha em um restaurante até o início da madrugada. Ele depende de ônibus para voltar para casa, e a parada mais próxima fica junto ao Parque da Redenção.
- Não dá para se descuidar nunca. Na noite, tem que estar sempre atenta - diz.
Sua colega Miriam Teodoro, 44 anos, tem carro, mas compartilha o receio de andar à noite.
- Quando volto para casa, só dou uma olhadinha para ver se não vem carro nos cruzamentos e passo o sinal vermelho mesmo. Prefiro pagar multa do que perder a vida - conta.