De 1 de janeiro a 30 de junho de 2014, Caxias do Sul registrou 250 assaltos ao comércio. Neste ano, já são 288, 38 a mais, até 25 de junho. A comparação mensal mostra que, em fevereiro e março, os índices dos dois anos são praticamente iguais. Em maio deste ano, chega a haver redução nos assaltos em comparação com o ano passado. Mas em junho os índices despontam. São 76 até 25 de junho contra 58 em todo o mês durante o ano passado.
- No início do mês tivemos uma enxurrada de ocorrências. No ano passado, a crise financeira do país e do Estado não era essa que enfrentamos hoje. A taxa de desemprego era menor. Há prisões de pessoas, hoje, sem antecedentes criminais, que sinalizam isso. No primeiro semestre do ano passado, por causa da Festa da Uva, também ganhamos reforço de policiais de outras cidades - explica o subcomandante do 12 BPM, major Emerson Ubirajara.
Aumento do desemprego, falta de efetivo e corte de horas extras da polícia militar são indicativos que podem ajudar a explicar o número de assaltos em Caxias. Mas há uma palavra que não sai da boca dos comerciantes e da polícia: impunidade.
- A gente não aguenta mais. Estamos providenciando um ofício ao governador solicitando mais efetivo para Caxias. Só que tudo isso bate numa coisa: o Estado está falido. A nossa descrença não é na polícia, é na Justiça. É a impunidade - salienta Jackson Campani, diretor da CDL e presidente do Conselho Municipal de Defesa e Segurança.
Pelo menos 90% das prisões efetuadas pela Brigada Militar são de reincidentes. Respondendo a crimes em liberdade, continuam cometendo novos delitos e abastecendo a própria ficha criminal.
A prática está cheia de exemplos: quatro rapazes presos em flagrante por roubo a estabelecimento comercial - três em março e um em maio - já estão soltos. O tempo médio de cadeia, de acordo com a BM, é de três meses. A descrença na própria condenação é tanta que a maioria nem se importa em esconder o rosto.