Passei boa parte da última semana em Gramado, fazendo a cobertura para a Zero Hora do 20º Festival Mundial de Publicidade. Que cidade incrível: bons hotéis, bons restaurantes, pessoas encantadoras. Mas, como repórter de economia, acostumado a procurar relações de causa e efeito, não pude deixar de reparar na espantosa falta de compasso entre oferta e demanda de táxis por lá.
São menos de 40 veículos à disposição em um dos municípios mais turísticos da região sul do país, que sedia não apenas o Festival de Publicidade, o Festival de Cinema e o Natal Luz, mas centenas de convenções profissionais, das mais variadas categorias. Foi o que aconteceu na última semana: além do Festival, pelo menos outras duas convenções aconteciam em Gramado. O resultado? Era impossível conseguir um táxi na rua. Im-pos-sí-vel.
Eles se deslocavam de um lado para outro da cidade apenas atendendo a chamados de hotéis e restaurantes. Em outras palavras, se o sujeito não estivesse consumindo um dos dois serviços ou alugasse um carro, ficava a pé. Na verdade, mesmo que estivesse hospedado ou comendo em algum lugar, a vida não era fácil. A espera no saguão do hotel era de pelo menos 30 minutos. Algo totalmente impensável para uma cidade que se propõe a ser turística e modelo de organização.
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O problema ficou pior ainda na sexta-feira, quando a cidade ficou cheia de casais enamorados. Centenas de publicitários e estudantes ficaram horas no Serra Park à espera de transporte para voltar ao centro da cidade. Mas, seguindo a cartilha liberal, o mercado sempre encontra uma solução. Vários carros e vans clandestinos passaram a fazer o transporte de passageiros a um preço fechado, sem qualquer condição de segurança. Eu fui um deles. Fora da lei, eu sei, mas dei graças a Deus quando embarquei em uma van entupida de gente depois de mais uma hora de espera. Às vezes, a solução que o mercado encontra não é a mais saudável para a saúde da economia e da sociedade. Aí é hora de chamar o Estado. Alô, prefeitura!
Em tempo: a despeito da falta de taxistas, aqueles com que tive o prazer de conversar por lá foram muito educados e prestativos. Hospitalidade de primeira.