Wondracek avalia que, apesar da dificuldade em conter a entrada de armas, principalmente pelas fronteiras, o trabalho interno das polícias têm obtido bons resultados em recuperar esse material.
O subcomandante da Brigada Militar, coronel Paulo Stocker, afirma que, como nos últimos cinco anos a quantidade de apreensões é estável, e o número de abordagens realizadas pela BM tem aumentado, é possível fazer uma leitura de queda na circulação de armas entre os criminosos. Para retirar o armamento pesado das ruas, o coronel ressalta que a corporação tem intensificado o serviço de inteligência com foco no tráfico de drogas que, segundo Stocker, responde por 90% da circulação de fuzis e submetralhadoras.
- A posse dessas armas se dá basicamente para proteção de território e disputa entre rivais - diz o subcomandante.
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Há duas semanas, a menina Laura Machado de Machado, de sete anos, foi vítima de um desses conflitos. Uma bala de fuzil entre as mais de cem disparadas atingiu a cabeça de Laura, que morreu na hora, enquanto ela dormia dentro de casa, no loteamento Campos do Cristal, bairro Vila Nova.
Conforme o diretor do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), delegado Emerson Wendt, além de resguardar de domínios, as quadrilhas usam fuzis e submetralhadoras como instrumento de domínio social.
- É uma forma de impor medo na comunidade. Alguns alugam para outros grupos ou utilizam para cometer crimes, como ataque a bancos, e gerar capital para o comércio de droga - detalha Wendt.
Segundo o diretor de investigações do Denarc, delegado Leonel Carivali, o valor de um fuzil contrabandeado pode variar entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, e o de uma submetralhadora, entre R$ 15 e R$ 20 mil. O alto custo e o caráter restrito desse armamento mostram o poder financeiro e de articulação de alguns bandos.
- Não é qualquer grupo que tem como retirar esse dinheiro que financia a droga para comprar armas. Por isso, essas apreensões causam grande desfalque nas quadrilhas - diz Carivali.
Em março, o Denarc conseguiu localizar um arsenal que já havia ganho status de lenda em Porto Alegre. A Operação Mito recolheu, de uma só vez, dois fuzis 5.56, três submetralhadoras 9mm, duas espingardas calibre 12 e duas pistolas .380 em uma casa na Vila Santa Terezinha.
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Fuzis e submetralhadoras multiplicam violência de conflitos entre gangues. Número de apreensões no primeiro trimestre deste ano mostra capacidade das quadrilhas em manter arsenais abastecidos
Carlos Ismael Moreira
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