O relatório 997, de 2010, do Conselho Tutelar de Porto Alegre, tem o nome de Emanuel Vinícius Gonçalves Rocha escrito a lápis, como em um rascunho. A morte do menino de 12 anos, abatido a tiros no Bairro Restinga em 30 de abril, não se explica só no inquérito policial, ainda não concluído. Ela foi rabiscada rápida e tragicamente desde os primeiros passos de Emanuel.
O parecer forma um calhamaço de registros que resume as tentativas fracassadas da rede de proteção à infância. Fruto de um lar desfeito, nunca teve pai, perdeu o irmão, ainda adolescente, quando estava com dez anos.
Desde os seis anos, Emanuel foi acompanhado por todas as estruturas públicas possíveis: escolas, Conselho Tutelar, assistência social, abrigos e a Fase. E escapou dos braços de todos, colecionando fugas. Não fixou raízes e foi vendo o seu fim, abandonado em uma rua escura da Restinga, ser desenhado. Os tiros foram apenas o último traço deste rascunho.
Com a ajuda dos registros oficiais, o Diário Gaúcho montou o quebra-cabeças das tentativas e erros que cercaram a curta vida de Emanuel.
Peças da tragédia
Por que Emanuel foi morto aos 12 anos
Diário Gaúcho montou o quebra-cabeças das tentativas e erros que cercaram a curta vida
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