Com o falecimento do senador Luiz Henrique da Silveira neste domingo, o PMDB de Santa Catarina perde seu principal articulador político e os planos para o futuro do partido, coordenados por ele, podem ser interrompidos até que seus correligionários encontrem uma maneira de contornar o vácuo na liderança deixado com a perda.
Outros peemedebistas de destaque no cenário catarinense, apesar de evitarem arriscar publicamente qualquer perspectiva política no momento, reconhecem que as principais estratégias da sigla passavam pelo ex-governador de SC e que, a partir de agora, outros nomes precisam ocupar seu posto.
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Luiz Henrique, por exemplo, lidava com a ambição da sigla em lançar um candidato próprio ao governo do Estado em 2018, oito anos após ceder o espaço para composição com PSD do atual governador Raimundo Colombo. A possível candidatura ainda não havia sido definida, tampouco está claro se ocorrerá um definitivo rompimento com os pessedistas, mas corresponde a um anseio da base partidária que ganhou fôlego nas eleições do ano passado e se tornou promessa de Luiz Henrique durante o período do último pleito.
A questão chegou a ser tratada em um encontro entre Luiz Henrique e o vice-governador de SC, Eduardo Pinho Moreira, na noite de sábado - um dia antes da sua morte -, na residência do senador em Itapema. A conversa, que durou cerca de duas horas, girou em torno do planejamento partidário e do projeto para eleição de 2018.
- Está claro que definitivamente teremos um candidato a governador. Ele (Luiz Henrique) dizia que queria devolver em 2018 o governo ao partido. Conversamos até mesmo sobre possíveis nomes. Agora é muito mais importante honrar essa vontade - disse Pinho Moreira, que publicamente já se colocou como possível candidato.
Outro peemedebista que vem sendo cogitado para concorrer daqui a quatro anos é Dário Berger, que se elegeu ao Senado em 2014 com 43% dos votos e se concretizou como um arrecadador de votos dentro do partido. Segundo ele, sua vitória na última eleição se deve muito ao trabalho de liderança de Luiz Henrique.
Na época das convenções, uma manobra do PMDB empurrou o PP para a fora da chapa de Colombo, que tinha esperanças de posicionar Joares Ponticelli como candidato ao Senado na composição majoritária. Luiz Henrique chegou a ser aplaudido pelos correligionários após a decisão do partido em apostar em Berger e, assim, frustrar os planos dos pepistas, histórico adversário do PMDB.
- Pra mim, Luiz Henrique transcendeu as relações político-partidárias. Era um padrinho, um conselheiro, um conciliador. É difícil fazer uma avaliação agora do futuro político do PMDB. Posso dizer que perdemos um grande mestre e o partido fica agora sem referência - afirma Berger.
Sem referência ficou o deputado estadual Valdir Cobalchini (PMDB), que também tem se destacado dentro do partido. Abalado, o parlamentar conversou com a reportagem do DC, mas evitou falar sobre os próximos passos do partido:
- Não consigo sequer olhar para o futuro - limitou-se a comentar.
Em um dos últimos artigos publicados na imprensa, LHS escreveu que "uma entorse no tornozelo que, de tão violenta, provocou-me a fratura da fíbula do pé esquerdo, afastou-me do trabalho no Senado (...) Passei a refletir sobre a importância dos pés (...) Valorizamos quando os lesionamos. Todo o corpo neles se sustenta, neles se apoia, neles se movimenta: com eles caminha, salta, corre, nada. Só se sente a importância dos pés quando eles, ou um deles, nos faltam, quando temos que substituí-los pela cadeira de rodas ou qualquer outro instrumento ortopédico".
E a reflexão sobre a importância do que se perdeu e sua substituição agora também tende a desafiar os demais membros do PMDB.
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Futuro do partido
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Com a perda de seu principal articulista, peemdebistas herdam estratégias para o futuro
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