David Cameron e Ed Miliband parecem envolvidos nas últimas semanas numa disputa não pela vaga de primeiro-ministro da Grã-Bretanha, mas pelo posto de maior inimigo da Escócia. Ambos se esmeram em declarações antiescocesas, e Miliband chegou ao cúmulo de rejeitar não apenas a inclusão de ministros do partido nacionalista escocês, o SNP, em seu governo, como até mesmo qualquer tipo de acordo com seus líderes.
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Explica-se: numa campanha chinfrim, em que mais de 30% dos eleitores não encontram motivo para ir às urnas, os marqueteiros descobriram que bater nos escoceses é algo visto com bons olhos pelo eleitorado inglês. Pesquisas mostram que, nos distritos do centro e do sul da Inglaterra, a Escócia é vista como "um outro país". E é precisamente nessas regiões que está concentrada a força dos conservadores de Cameron. Eles têm hoje a maior bancada na Câmara dos Comuns (303 parlamentares), mas necessitam de mais 23 para assegurar maioria.
Para os trabalhistas, o plebiscito escocês custou caro. O partido fez campanha aberta contra a independência. Resultado: perdeu a tradicional maioria de votos na Escócia para o outrora exótico SNP. Cameron, obviamente, não faturou nada com isso.
Para os britânicos comuns, seria melhor que a campanha se concentrasse em questões sérias como saúde, emprego e transporte. Não é de admirar que políticos tenham se tornado tóxicos na Grã-Bretanha, como em boa parte do mundo.
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