A história das migrações modernas, que transformou nos últimos anos o Mar Mediterrâneo num "vasto cemitério", na definição precisa do papa Francisco, deve ser acrescida em junho de um novo e horripilante capítulo. A União Europeia aprovou nesta segunda-feira uma "operação naval" para combater o tráfico humano pelo Mediterrâneo. A justificativa da operação, como sempre, é humanitária: pelo menos 5 mil pessoas morreram tentando chegar à Europa em um ano e meio.
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O plano fica mais claro quando se analisam suas "quatro fases". A primeira é vigiar as rotas do tráfico. A segunda, capturar em alto mar os "navios suspeitos". A terceira, a ser referendada pelo Conselho de Segurança da ONU ou pelo governo costeiro, prevê "abordagem, busca e captura (...) em alto mar ou nas águas internacionais deste Estado". A quarta, também com licença da ONU ou do Estado costeiro, inclui "tomar todas as medidas contra um navio ou (...) bens relacionados".
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Não há nada de novo em usar força contra migrantes, nem em invocar razões humanitárias para afundar navios. Mais impressionante é o silêncio - à parte o governo líbio de Tibruk, que rechaçou a "opção militar", e a Human Rights Watch, que qualificou a medida de "completa loucura" - diante desses planos.
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