
A crise financeira do Governo pode gerar o primeiro impacto direto sobre a saúde em Caxias do Sul. Devido ao corte de repasses do Estado, o Hospital Pompéia promete reduzir o número de leitos e de pacientes atendidos pelo SUS.
A situação financeira da instituição será apresentada na manhã desta quarta-feira. As medidas emergenciais para cortar gastos serão adotadas caso o governo não retome os pagamentos ou pelo menos sinalize medidas para reverter o quadro.
Estão suspensas nesta quarta-feira as consultas eletivas agendadas no ambulatório. Ao longo do dia, os profissionais vão expor faixas e distribuir material informativo. Das 9h às 16h também serão oferecidos diversos serviços gratuitos em frente ao Pompéia a fim de chamar a atenção da população para o problema. As ações são preparatórias para a grande mobilização estadual na próxima quarta-feira, dia 13, em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre.
Perdas já chegam a R$ 75 milhões
A Secretaria Estadual de Saúde afirma que os contratos firmados com hospitais estão em dia. Segundo a assessoria de comunicação, o Governo está aberto para discutir a situação.
A Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes tem duas reivindicações principais, de acordo com a Secretaria de Saúde. A primeira seria a perda de verbas pelo fim do Incentivo de Cofinanciamento da Assistência Hospitalar (IHOSP), em dezembro, que complementava a receita de muitas instituições. A segunda diz respeito a repasses atrasados de 2014, cujo pagamento o Governo já anunciou que não será realizado no primeiro semestre deste ano.
O superintendente-geral do Pompéia e presidente da Federação, Francisco Ferrer, explica que apenas em 2015 as perdas em todo o estado chegam a R$ 75 milhões. De acordo com ele, R$ 300 milhões estavam previstos para os hospitais filantrópicos do estado, mas o valor foi cortado do orçamento do Governo.
- Nós entendemos a difícil situação pela qual o Estado passa, mas a saúde não pode ser tratada como qualquer prestador de serviços - defende Ferrer.
De acordo com o presidente da Federação, há 245 hospitais filantrópicos no Rio Grande do Sul. O impacto do corte nos repasses varia entre as instituições. Hoje elas são responsáveis por 75% dos atendimentos pelo SUS. A dívida dos hospitais já chega a R$ 1 bilhão, entre compromissos com bancos, fornecedores e tributos.