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Não é por acaso que tornados são frequentes em Hollywood: os EUA são o lugar mais propício para esse fenômeno no mundo. Mas o Brasil já poderia ter produzido cinematografia a respeito: no Sul e Sudeste do país, fica a segunda área de maior probabilidade da ocorrência de tornados no planeta. Só o Meio-Oeste dos Estados Unidos oferece condições mais propícias para o fenômeno - que atingiu, na segunda-feira, a cidade catarinense de Xanxerê -, segundo um estudo do Laboratório Nacional de Tempestades Severas, nos EUA.
O chamado "Corredor de Tornados" no Brasil compreende os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Triângulo Mineiro e Mato Grosso do Sul. Na realidade, ele extrapola as fronteiras nacionais e começa no centro e norte da Argentina, passando pelo sul da Bolívia, Paraguai e Uruguai.
Nessas regiões, acontece algo semelhante a quando uma cafeteira de vidro é colocada, ainda quente, em contato com a água fria: um choque térmico, com risco de destroçar o recipiente. No caso dos tornados, eles se formam pelo encontro de massas de ar frio da Patagônia com ventos tropicais formados na Amazônia ou massas de ar quente oriundas do Oceano Atlântico.
Existe controvérsia sobre qual Estado brasileiro é o campeão em tornados. Um estudo publicado em 2012 pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) diz que São Paulo é líder nesse ranking indesejável, seguido de Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mais especificamente, a região de Campinas, ressalta o autor do trabalho, o geógrafo Daniel Henrique Candido, do Instituto de Geociências da Unicamp. Contribui o fato daquela região estar inserida em uma área de depressão periférica, mais plana e mais rebaixada, o que a deixa em um corredor, favorecendo o deslocamento de fluxo de ar.
O meteorologista Leandro Puchalski, da Central de Meteorologia, diz que é difícil contabilizar esse tipo de fenômeno, até porque muitos tornados se formam apenas em áreas rurais. Pelas características climáticas, ele considera o Sul do Brasil, e não o Sudeste, a área mais propícia.
- Pelas condições de relevo (muitos vales quentes) e pelo choque climático no outono, época mais frequente. Quanto mais ao sul do Brasil, mais seguido ocorre a colisão de massas de ar polar com massas de ar quente (continentais ou marítimas), como aconteceu em Xanxerê - pondera Puchalski.
O estudo da Unicamp aponta que, entre 1990 e 2011, ao menos 205 tornados foram registrados em território nacional. Já no 17º Congresso Brasileiro de Meteorologia, realizado 2012, foram apontados 77 registros de tornados em Santa Catarina em um período de 33 anos (1976/2009).
No Rio Grande do Sul, as áreas mais suscetíveis à ocorrência de tornados são Porto Alegre, o litoral e as imediações do lago Guaíba, com probabilidade em torno de 20% e 25% ao ano de registrar algum fenômeno do tipo. Em Santa Catarina, as áreas mais propensas à formação do fenômeno ficam no litoral sul do Estado. Já no Paraná, toda a faixa litorânea oferece risco.
A pesquisa da Unicamp levou cinco anos para ser concluída e usou informações sobre fenômenos ocorridos no passado e dados de relevo, como altitude e declividade de cada região.
Tornado em Xanxerê atingiu uma área de 250 quadras
Em Xanxerê, os bairros de Tacca e dos Esportes foram os mais afetados pelo vendaval. Os bairros Colatto, São Jorge, Bortolon, Pinheiro e Vila União também foram atingidos. Mais de 500 casas foram atingidas. Já os Bombeiros falam que entre 30 e 40% das casas do município. Os ventos fortes, de até 200 km/h, também desabaram o Ginásio Municipal Ivo Sguissardi, o principal da região.
Autoridades pedem doações de água, comida, colchões e agasalhos para os afetados pela tempestade, que devem ser entregues ao Corpo de Bombeiros de Xanxerê. As pessoas que tiveram as casas destruídas estão sendo encaminhadas para a escola Pequeno Príncipe.
Veja fotos da cidade após a passagem do tornado
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