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A Páscoa é uma data que permite aos adultos um reencontro com momentos doces que ficaram esquecidos na infância. Ver os pequenos vivendo a expectativa pela visita do personagem de olhos vermelhos e pele branquinha neste domingo, manifestando as dúvidas, fazendo observações e descobertas dá à festa religiosa mais um sentido, o da importância da fantasia e do estímulo à imaginação.
Em busca das reações da criançada diante do Coelhinho, nesta semana o Diário Gaúcho acompanhou uma festa de Páscoa na Instituição de Educação Infantil Bom Samaritano, em Viamão, realizada a partir da ação da Galera do Bem - como o próprio nome diz, um grupo de pessoas bacanas que se reuniu para promover ações em prol dos outros.
Com orelhinhas de coelho coloridas em sala de aula, 185 crianças e adolescentes estavam eufóricos pela caça aos ovinhos.
- Podem procurar os ninhos, mas não esqueçam de dividir com os coleguinhas!
A fala da diretora foi a senha para uma correria pelo pátio, recompensada por chocolates, balas, pirulitos e pipoca, escondidos em árvores e outros recantos. O ponto alto foi a chegada da estrela da festa, o Coelho da Páscoa. Mas a atividade rendeu também a partilha - entre aqueles que não conseguiram achar as doçuras, e muitas conversas típicas das crianças. Separe um pedacinho de chocolate para degustar enquanto acompanha um pulinho na infância.
Aonde ele mora?
Onde mora o Coelho? De que ele se alimenta? Essas são duas respostas que estão na ponta da língua da criançada quando o assunto é o personagem principal da Páscoa. Mas engana-se quem pensa que a mística que cerca a floresta onde vive o bichinho hoje não se mistura com elementos da vida moderna:
- Ele mora numa toca. Lá é a casa dele. E a toca é um buraco beeeeem fundo, na floresta. Mas o Coelho também mora no shopping. É, eu fui falar com o Coelho no shopping. Ele me deu oi - observou a pequena Eduarda Brum, cinco anos, numa conversa com a amiga Isadora.
Já Benício Brasil, quatro anos, que recebeu doces do Coelho em pele e osso, tinha outro palpite:
- Ele mora numa caverna aqui perto da escola. Eu não tenho medo dele, até fiz um carinho. A gente não pode bater no Coelhinho porque ele traz chocolate para todas as crianças.
Evelin Tessan, cinco anos, disparou que o endereço do bicho era a floresta. Tudo porque os ninhos estavam escondidos nas árvores do pátio.
Foto: Lauro Alves / Agência RBS
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A dúvida e o medo
Enquanto degustava as guloseimas recém encontradas nos ninhos espalhados pelo pátio da instituição, Isadora da Silva Sanches, cinco anos, foi uma das surpreendidas pela chegada triunfal do Coelho da Páscoa. A criançada recebeu o Coelho cinza de barriga branca com festa.
- Eu tenho medo desse coelho gigante! Já vi um coelho assim num filme. Será que é só um homem fantasiado? Eu tô com medo! Acho que ele morde - dizia a menina enquanto espiava o personagem atrás de uma árvore.
Quando percebeu que várias crianças se aproximavam e que ele havia sentado para ganhar abraços e distribuir mais chocolates, Isadora foi tomada pela dúvida. Não sabia se vencia o receio para receber mais doces, ou mantinha a distância:
- Ai! Ele levantou! Piscou para mim! Mas eu tenho medo! - confidenciou a pequena.
Depois de avaliar a situação, Isadora resolveu ir com a profe até o Coelho e ganhou uma doçura.
- Olha o que eu ganhei!? - disse a menina, faceira, com uma porção de chocolates nas mãos.
Foto: Lauro Alves / Agência RBS
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O pescoço do Coelho
Discreta como poucas crianças conseguem ser, a pequena Isabele Paneque, quatro anos, deixou escapar o que a afligia ao final da visita do Coelho, pouco antes da distribuição do cachorro-quente com suco:
- Eu vi o pescoço dele atrás! Não era um coelho... - cochichou.
Questionada sobre a descoberta que poderia estar prestes a fazer, a menina emendou:
- Mas o Coelho existe sim. Eu sei que existe, mas esse não parece de verdade. Eu até ia dizer para ele, mas não consegui porque tinha muitas crianças junto - observou Isabele.
Como uma inquietação pueril, não levou um instante para a menina interessar-se por um detalhe da máscara de coelho colorida em sala de aula, ou perder-se olhando os amiguinhos correndo e comendo chocolate, deixando o pescoço humano do Coelho para trás.
- Não precisamos de respostas muito longas para isso (as dúvidas sobre a existência ou não do Coelho da Páscoa), não é? Essa é uma época muito bonita - finalizou a diretora Rosalinde Saick, há 30 anos na instituição.
Cenouras e bom comportamento
Assim como o Papai Noel, o Coelhinho da Páscoa ainda é evocado pelos adultos para solucionar desobediências, manhas e até mesmo a falta de apetite repentina da criançada. Mesmo assim, o personagem fofinho não é tido como antipático pelos pequenos, pelo contrário:
- Se o Coelhinho morasse perto da casa do Papai Noel, eu ia ficar muito preocupada com ele. Coitado, ia morrer de frio! - disse Eduarda.
Já Paola dos Santos, sete anos, explicou o jeito de agradar o Coelho:
- Tem que obedecer a profe, se comportar, comer toda a comida. Se a gente gritar, o Coelhinho não traz nada. E também é bom colocar uma cenoura na cestinha. Uma vez eu coloquei e depois ela desapareceu. Aí, ele deixou uma Páscoa para mim.