"Eu não mandava na minha casa", diz Jardel sobre exonerações do gabinete

Em coletiva de imprensa na tarde deste sábado, o deputado estadual Mário Jardel (PSD) disse ter exonerado 17 funcionários de seu gabinete na Assembleia Legislativa por não estar tendo o controle sobre o seu mandato.

- Até agora eu não mandava na minha casa. Tanto que aconteceu o que aconteceu - resumiu o deputado.

No encontro com jornalistas na sede do partido, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, Jardel falou pela primeira vez após o sumiço na última semana. O deputado não citou a palavra depressão - justificativa utilizada para solicitar a licença-saúde -, mas afirmou que estava tendo problemas para dormir devido à preocupação e a "falta de liberdade".

- Fazia tempo que eu não estava dormindo direito. Tanto é que eu pedi um atestado de alguns dias, por não estar tomando conta do meu gabinete. Foi uma decisão técnica. Poucos fariam o que eu fiz, e acho que eu entrei para a história da política gaúcha. Em pouco tempo que eu estava na política, eu vi que não era do jeito que deveria ser - explicou, sem exemplificar o que ocorria dentro do gabinete.

Confira trecho do primeiro pronunciamento de Jardel após o sumiço:



Jardel não fez discurso ou apresentou projeto na Assembleia
Danrlei rompeu relação "política e pessoal" com Jardel

No momento em que jornalistas questionaram Jardel sobre a formação de seu gabinete, assessores e o presidente do partido em Porto Alegre, Nelsir Tessaro, entraram em cena. E praticamente responderam pelo deputado.

- O gabinete foi formado pela equipe que acompanhou ele - respondeu um assessor.

Em tom baixo, Tessaro soprou a resposta:

- Quem trabalhou na eleição.

Somente depois, Jardel tentou responder:

- As pessoas que trabalharam na minha campanha é que vieram pro meu gabinete. Por eu ainda não entender da política, foram os que vieram do próprio partido. Foram os que entendiam da política, que são as pessoas que foram afastadas.

E Tessaro complementou:

- São todos partidários do PSD, que colaboraram com a campanha do Jardel. Foram eles que em um primeiro momento montaram o gabinete. E como o deputado entendeu que deveria fazer uma mudança para colocar uma equipe mais técnica do que política, para fazer projetos, ele proporcionou essa mudança para adequar o gabinete conforme o interesse dele.


Foto: Fenando Gomes / Agência RBS

As novas nomeações para o gabinete, que agora tem só quatro funcionários, no entanto, ainda estão em aberto, disse o ex-atleta. 

- Vão continuar estes quatro por enquanto. Até eu recontratar, até eu encaixar as pessoas certas que eu escolher.

Sobre as informações divulgadas na última semana por Cristian Lima, que estaria na chefia do gabinete na ausência de Jardel, o deputado foi enfático: Lima nunca foi nomeado porta-voz do gabinete. Cristian Lima foi dispensado nesta semana.

- Houve problema de comunicação - resumiu.

Jardel ainda negou que tenha recebido ameaças de funcionários que haviam sido exonerados, como chegou a ser divulgado.

Sobre o aumento dos salários dos quatro servidores que permaneceram no gabinete, Jardel disse que se tratava de uma "transferência de cargos". E, "corrigindo" o que havia sido divulgado pela imprensa, o ex-atleta afirmou que Roger Antônio Foresta (agora coordenador da bancada do PSD, que teve seu salário quadruplicado) nunca foi motorista do gabinete - ele apenas faria o transporte de Jardel pelo fato de o deputado não ter carteira de motorista.

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Sobre a nota divulgada pelo deputado federal e vice-presidente do PSD no Estado Danrlei de Deus, em que comunicava o "rompimento político e pessoal", Jardel iniciou a resposta de forma tranquila, mas logo alterou o tom:

- Respeito (a opinião dele). Ele continua meu amigo e meu gabinete está aberto se ele quiser me visitar. Eu não tenho nada contra o Danrlei. Eu não entendi a colocação dele, porque no meu gabinete quem manda sou eu.

Ao lado de sua esposa, o deputado repetidas vezes afirmou que não pretende "ser só mais um" na política gaúcha. Seu objetivo, é se destacar, como o atleta que foi no futebol:

- Eu quero fazer um mandato digno de Jardel dentro de campo. Quero fazer um gol. Gol da Educação, do Esporte. E é o que eu vou fazer daqui pra frente, agora que tá no meu controle, é o que eu vou fazer.


Esposa de Jardel acompanhou o deputado na coletiva de imprensa na tarde deste sábado
Foto: Fernando Gomes / Agência RBS

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