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Já começaram as obras do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Santa Maria, que será aparelhado para receber animais recolhidos pelo poder público. A rua de cerca de 300 metros que dará acesso a área de 2,7 hectares na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está sendo aberta para que as máquinas possam começar a operar no local. O espaço, equivalente a quase três campos de futebol, foi cedido pela universidade por meio de uma parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e fica próxima ao Hospital Veterinário da UFSM (HVSM).
Empresa santa-mariense fará obra do Centro de Triagem de Animais Silvestres
O Cetas será construído com recursos oriundos de uma multa aplicada pelo Ibama por dano ambiental na hidrelétrica de Quebra Dentes, em Quevedos, e paga pela Eletrobrás. A multa de 2011, no valor de R$ 600 mil, não vai ser suficiente para o pagamento total dos custos da obra.
De acordo com a diretora do HVSM, Anne Santos do Amaral, o dinheiro será suficiente somente para a construção da parte de triagem dos animais - local onde acontece a avaliação médico-veterinária. O espaço dos recintos de passagem ficaram de fora do projeto atual. A diretora acredita que sejam necessários mais R$ 600 mil para a obra dos recintos. O Cetas terá uma barreira vegetal no entorno, afim de evitar o barulho e isolar o ambiente visualmente.
A empresa BK Construções Ltda, de Santa Maria, tem um prazo de um ano para finalizar a primeira etapa da construção do centro. Por enquanto, animais silvestres são encaminhados para o Hospital Veterinário. Um espaço do antigo biotério foi reformado há cerca de dois anos para receber os animais encaminhados pelo Ibama e pela Patrulha Ambiental da Brigada Militar. Segundo Anne, cerca de três animais chegam ao hospital por mês, geralmente vítimas de atropelamento e agressão de cães. Depois do tratamento, eles são entregues novamente para os órgãos responsáveis, que dão o destino ao animal.
- Só não recebemos mais animais porque o espaço que temos não é o ideal. Não temos uma estrutura específica para acolhê-los, usamos o ambulatório de pequenos animais - afirma.
Uma reunião no dia 22 deste mês entre o Ibama e o Reitor da UFSM, Paulo Burmann, deve tratar sobre um termo de cooperação para os trabalhos no Cetas. A intenção é que alunos e professores dos cursos de ciências rurais trabalhem no local com o apoio de funcionários do Estado.
Com o novo centro, mantenedouro vai desafogar
Além do Hospital Veterinário da UFSM, o Mantenedouro de Fauna São Braz também recebe animais silvestres apreendidos em operações do Ibama e da Patrulha Ambiental da Brigada Militar. O local já chegou a receber 500 animais por mês oriundos do tráfico. Desde o começo do ano, de acordo com uma nova portaria do Ibama, o São Braz, que era chamado de Criadouro Conservacionista, agora se chama Mantenedouro de Fauna Silvestre. A alteração, conforme o diretor Santos Braz, não muda o foco do trabalho realizado no local, que é a proteção dos animais silvestres.
- Nós não temos a obrigação legal de receber os animais, mas sempre fizemos isso com muita alegria em poder ajudar o meio ambiente - afirma.
Segundo ele, com a criação do Cetas, o poder público assume a responsabilidade que sempre foi dele, desafogando o trabalho de mantenedouros que não recebem verba estadual para se manter.
- Aqui não é um depósito de animais, como muitos pensam. Com o centro funcionando, vamos receber apenas os animais que não têm condições de voltar para o meio ambiente. Eles já chegarão aqui tratados - observa.
O Mantenedouro conta, atualmente, com cerca de 600 animais silvestres de 168 espécies. Ele atende a demanda de 133 municípios de abrangência do Ibama, desde 1995.