*AFP
Um adolescente de 15 anos foi retirado dos escombros de um edifício em Katmandu, nesta quinta-feira, cinco dias após do terremoto no Nepal, que provocou a morte de quase 5,5 mil pessoas.
"Quando parou de tremer, quem tremia éramos nós" diz ex-moradora de Caxias que vive no Nepal
"O trabalho é ressurgir das cinzas a cada momento", diz brasileiro que mora no Nepal
O surpreendente resgate do adolescente Pemba Lama simboliza uma pequena esperança nas buscas no Nepal, onde as equipes de emergência ainda não conseguiram chegar a várias localidades remotas afetadas pelo terremoto de sábado.
A ONU fez um apelo para arrecadar 415 milhões de dólares para ajudar as vítimas do terremoto, que precisam de água, mantimentos e remédios.
O terremoto de 7,8 graus de magnitude matou 5.489 pessoas, segundo o boletim mais recente do Centro Nacional de Operações de Emergência. O tremor também matou mais de 100 pessoas na Índia e China.
O resgate deu novo ânimo para que as equipes de emergência continuem procurando por sobreviventes, apesar das condições extremas e dos tremores secundários. Grande parte da população da capital do Nepal continua dormindo nas ruas.
- Não sei por quanto tempo vamos continuar nestas condições, quanto tempo poderemos viver nas ruas - afirmou Rajina Maharjan, que passou os últimos dias em uma barraca ao lado do marido, dos sogros e do filho de quatro anos.
Nesta quinta-feira, foram registrados os primeiros sinais de um paulatino retorno à normalidade, com a abertura de algumas lojas e a volta dos vendedores de frutas e verduras na praça Durbar, uma área em ruínas.
Everest liberado para turistas
O governo do Nepal anunciou que os alpinistas poderão retornar ao monte Everest nos próximos dias. O terremoto de sábado provocou uma avalanche e matou 18 pessoas na área da maior montanha do mundo.
- As escadas serão reparadas dentro de dois ou três dias e as escaladas poderão continuar, não há razão para que ninguém abandone sua expedição - disse o diretor do departamento de Turismo, Tulsi Gautam.
Itamaraty já fez contato com 194 brasileiros após terremoto no Nepal
Três meses de medidas de urgência
O governo reconheceu estar esgotado com a dimensão da catástrofe provocada pelo terremoto mais violento dos últimos 80 anos no Nepal.
- Temos fragilidades na gestão das operações de socorro. A catástrofe é tão grande e sem precedentes que não tivemos capacidade de responder às expectativas da população - admitiu o ministro das Comunicações, Minendra Rijal.
O coordenador da ONU no Nepal, Jamie McGoldrick, afirmou que serão necessários três meses para responder às medidas de urgência antes do início das tarefas de reconstrução.
A ONU fornecerá rapidamente barracas para as 500 mil pessoas que ficaram sem casas, assim como água e equipamentos de saúde para 4,2 milhões de pessoas. Até o momento, as operações de resgate ainda não foram muito além de Katmandu, segundo a ONU. Algumas localidades só podem ser alcançadas a pé, às vezes após quatro ou cinco dias de caminhada.
- Fazemos o possível para chegar ao maior número de lugares possível - declarou o porta-voz do exército, Jagdish Pokharel.
De acordo com a ONU, oito milhões dos 28 milhões de habitantes do país foram afetados direta ou indiretamente pela catástrofe. O Nepal e a cordilheira do Himalaia ficam no ponto de contato entre as placas tectônicas indiana e euroasiática, uma área de forte atividade sísmica.
FOTOS: prédios e templos são destroçados pela natureza no Nepal