Uma perícia particular contratada pela avó do menino Bernardo Uglione Boldrini, morto em abril de 2014, indica que a mãe biológica dele, a enfermeira Odilaine Uglione, não seria a autora de sua carta de suicídio - ato contestado pela família dela. A informação foi revelada neste domingo, em reportagem veiculada no programa Fantástico, da Rede Globo.
A carta teria sido escrita em fevereiro de 2010. Jussara Uglione, mãe de Odilaine e avó de Bernardo, diz que estava com amigos quando recebeu o texto e que se surpreendeu com a letra, que seria diferente da caligrafia da filha. Na época, ninguém levou a dúvida adiante.
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As falhas na rede de proteção que condenaram Bernardo
Odilaine foi encontrada morta com um tiro dentro da clínica do médico Leandro Boldrini, em Três Passos. Segundo a secretária do consultório, os dois estavam na sala dele quando o cirurgião saiu pedindo socorro. Com base no depoimento de testemunhas e nos laudos da perícia oficial, a Polícia Civil chegou à conclusão de que Odilaine se matou. Mas, após a morte de Bernardo, Jussara decidiu tirar a história a limpo.
A carta supostamente assinada por Odilaine diz que "ele (Leandro Boldrini) pediu a separação, perdi meu chão" e também deixa um recado para o médico: "Leandro, tu destruiu a minha família, meus sonhos, minha vida. Prefiro partir do que ver meu filho nas mãos de outras mulheres, meu amor em outros braços".
A reviravolta veio à tona a partir de um laudo assinado pelo perito judicial Ricardo dos Santos. Ele examinou a carta, comparando a letra com documentos de Odilaine, e detectou discrepâncias.
- Não foi ela quem escreveu. A pessoa que escreveu tinha conhecimento de documentos dela. É uma pessoa que já conhecia a escrita dela - concluiu o perito.
Para a família, a morte tem que ser investigada de novo. O Ministério Público já pediu à polícia novas informações e poderá pedir a reabertura do caso. A delegada responsável, Caroline Bamberg Machado, contesta. Segundo ela, "não houve erro na investigação".
- O que não pode é querer forçar uma situação que não existiu - afirma Caroline.
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