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Embora a presidente Dilma Rousseff negue a realização de uma reforma ministerial, o governo discute no curto prazo mudanças de primeiro escalão. As trocas servirão para ampliar o espaço do PMDB e melhorar a relação com o Congresso.
As alterações foram antecipadas com a saída de Cid Gomes do Ministério da Educação (MEC), após bate-boca com deputados. Secretaria de Comunicação, Integração e Turismo estão na lista das mudanças. Apesar da pressão, capitaneada pelo grupo do ex-presidente Lula, por enquanto a tendência é de manutenção do time da articulação, que inclui Pepe Vargas (PT-RS) nas Relações Institucionais. Especulado na vaga de Pepe, Eliseu Padilha (PMDB-RS) quer permanecer na Secretaria de Aviação Civil. Nesta quinta-feira, Dilma classificou como "pontuais" as mexidas na Esplanada.
- Vocês estão criando uma reforma no ministério que não existe. São alterações pontuais. Não tem reforma ministerial - afirmou a repórteres após lançamento de pacote para modernização do futebol, no Planalto.
A prioridade da presidente é ocupar a vaga de Cid Gomes, que durou menos de três meses no cargo. Aliado capaz de acalmar Câmara e Senado, o PMDB tem interesse antigo na pasta, contudo, o PT quer voltar ao MEC. Já Dilma procura um nome respeitado no setor, uma "escolha de peso" segundo assessores.
- O MEC não é dado para ninguém. Vou escolher uma pessoa boa para educação, não a pessoa desse, daquele ou de outro partido - disse a presidente.
Petistas ligados a universidades ensaiam a indicação de Jorge Guimarães, presidente da Capes, que orienta diretrizes da pós-graduação no país. Dentro dos quadros do PMDB, uma alternativa seria Gabriel Chalita, secretário municipal de Educação de São Paulo.
Com sete ministérios na sua cota, o PMDB cobra pastas de orçamento mais robusto e um lugar para o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (RN). Dilma sinaliza o Turismo como destino de Alves, mas a escolha desalojaria Vinícius Lages, afilhado do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), arredio desde a divulgação da lista de políticos investigados na Lava-Jato. Para evitar dissabores, o Planalto estuda colocar Alves ou um indicado de Calheiros na Integração, comandada pela PP, que teria de se contentar com alguma estatal.
Na Secretaria de Comunicação, a saída de Thomas Traumann ficou desenhada após o vazamento de um texto que admite "caos político" no país. Ministros e técnicos que estiveram com Dilma acreditam que esta será a única alteração na equipe que despacha do palácio. A migração de Aloizio Mercadante da Casa Civil para o MEC, abrindo espaço para Jaques Wagner, estaria na gaveta.
O nome de Wagner, atual ministro da Defesa, tem apoio de Lula e de sua corrente no PT, a CNB, que também tenta derrubar Pepe Vargas. A pasta de Relações Institucionais poderia passar para o PMDB, tendo Henrique Alves e Eliseu Padilha entre os favoritos.
Nesta quinta-feira, a bancada do PMDB anunciou que resgatará uma proposta que limita o número de ministérios a 20 - hoje são 39.