Um grande esquema de evasão de divisas no banco HSBC, revelado por jornalistas de 45 países no caso chamado de Swissleaks, respingou também na Operação Lava-Jato, que investiga um roubo bilionário na Petrobras. Por meio de sua filial suíça, o HSBC estaria ajudando ditadores, políticos, estrelas de Hollywood, reis e executivos a lavar dinheiro. Entre eles, suspeitos citados na Lava-Jato.
Os primeiros dados foram vazados ao jornal francês Le Monde e distribuídos a jornalistas do mundo inteiro. A apuração mostra que centenas de milhões de dólares foram escondidas das autoridades fiscais. O conjunto de dados secretos do HSBC inclui informações sobre mais de 6 mil contas bancárias de brasileiros na Suíça, que somam US$ 7 bilhões.
"As análises preliminares de alguns contribuintes já revelam hipóteses de omissão ou incompatibilidade de informações prestadas ao Fisco, entre outros casos. É relevante notar que alguns desses contribuintes já haviam sido investigados anteriormente pela Receita Federal", salientou o órgão do governo (leia a nota completa).
Fortunas obscuras em bancos suíços
A polícia do país europeu começou a fazer uma operação de busca e apreensão na sede do HSBC e em diversos escritórios da instituição em Genebra na manhã desta quarta-feira. A acusação é de "lavagem de dinheiro agravado". As contas relativas à Petrobras também serão investigadas. O processo foi liderado por Olivier Jornot e Yves Bertossa, filho de um ex-procurador que, em 2001, abriu os casos de investigação relacionados com as contas de Paulo Maluf.
- Nós viemos garantir o sequestro de todos os dados bancários para avaliar o eventual crime de lavagem de dinheiro. Vamos fazer uma análise geral de todas as acusações existentes. Por enquanto, não quero me pronunciar sobre um ou outro caso, mas todos os que foram indicados nos documentos que chegaram à imprensa serão investigados - afirmou Jornot.
O Swissleaks expôs não somente o HSBC, mas todo o sistema financeiro suíço que, por décadas, ajudou clientes de todo o mundo a levar fortunas - muitas vezes obscuras - para Genebra e Zurique. Com as revelações, as autoridades suíças passaram a ser questionadas sobre seu silêncio. O HSBC insiste que as acusações "fazem parte do passado" e que a instituição passou por uma transformação desde 2007.
O Ministério Público Federal (MPF) do Brasil vai investigar se os bancos e corretoras de valores que fizeram remessas de dinheiro ao exterior para doleiros e empresas investigados na Lava-Jato cumpriram o compliance - regras para checagem prévia das atividades dos clientes.
A cronologia da Operação Lava-Jato: