Confira a entrevista de Osman Freire Rebello, secretário de Desenvolvimento Econômico de Itajaí, sobre os impactos econômicos da Operação Lava-Jato em Santa Catarina.
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Como essa operação deve afetar a cadeia de fornecedores da Petrobras em Itajaí?
Osman Rebello: Não é só por causa da corrupção que os investimentos vão ser reduzidos. Vão ser freiados porque até o ano passado o barril [de petróleo] estava US$ 120, agora está US$ 50. Então o setor é obrigado a dimiminuir os investimentos, desde as refinadoras, até construtoras e a construção naval. Tudo que envolver a Petrobras terá o investimento reduzido. Além disso, a linha de produção do pré-sal é cara. Com todo esse cenário, haverá reflexo em Itajaí, em Santa Catarina e no Brasil inteiro.
Mas quanto deve ser o impacto em Santa Catarina?
Rebello: Nós temos uma unidade administrativa, técnica e de abastecimento da Petrobras na região. Há dois consórcios grandes, que produzem os módulos para montagem das plataformas. Estes dois consórcios devem empregar em torno de 3 mil funcionários, um é o GMT [formado pelas empresas DM Construtora e TKK Engenharia] e o outro é o grupo português Amal. Nós temos ainda o estaleiro de construção de barcos pesados, que é a Oceana Offshore, que emprega mil pessoas. E não é só Itajaí, é toda a região. Tem o Estaleiro Navship, em Navegantes. A operação Lava-Jato vai passar, mas ainda há o impacto da queda do preço do barril de petróleo.
Esses impactos já estão sendo sentidos?
Rebello: Os últimos indicadores mostram que em 2014 Itajaí foi a quarta cidade do Brasil em geração de emprego na indústria de transformação, que é a indústria pesada que inclui os estaleiros e os consórcios. Até dezembro, não teve reflexo nenhum ainda. Em janeiro ainda não sentimos, porque eles [consórcios] estão finalizando um módulo para entregar em março. Por enquanto, não refletiu, mas vai dar. Bem, são entre 4 e 5 mil empregos diretos na cidade. Mas oscila bastante. Por exemplo, no início desta semana, o grupo Amal estava com 700 empregados, mas já teve 1,5 mil, porque depende do cronograma. Não quer dizer que vai perder todos estes empregos, porque vai reduzir os investimentos e então precisa reduzir o pessoal, mas os contratos que estão aí precisam ser cumpridos. A redução e desemprego ainda não chegou em Itajaí.
Quando o setor de petróleo e gás começou a se consolidar na cidade?
Rebello: Temos uma série de fatores que trouxeram as empresas do setor para cá, não foi apenas o pré-sal. As companhias vêm para cá por causa da administração pública, benefícios fiscais, qualificação profissional, com a Univali, os setores que tem equilíbrio. Além disso, temos nossa posição logística, com o complexo portuário, com sete portos, aeroporto e acessos rodoviários. Essa série de fatores que impulsionaram o setor, além da Petrobras, é claro. Isso aconteceu a partir de 2010, quando começou a especulação do pré-sal.
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