O engenheiro Shinko Nakandakari, apontado como carregador de malas de dinheiro para o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, começou a ser ouvido pela força-tarefa da Operação Lava Jato. Ele é o primeiro dos 11 operadores de propina, alvos da nona fase das investigações que apuram corrupção em contratos da estatal - batizada de My Way -, que decidiu colaborar com a Justiça.
Segundo o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco - que era braço direito de Duque na Petrobras -, Nakandakari era um dos "operadores" de propina que atuava na Diretoria de Serviços - reduto do PT na estatal.
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- Shinko entregava pessoalmente o dinheiro em euros, reais ou dólares, sempre na quantia correspondente a aproximadamente R$ 100 mil, normalmente nos hotéis Everest, Sofitel e Ceasar Park, onde 'tomavam um drink ou jantavam - descreveu Barusco.
O termo de delação de Nakandakari está em fase de negociações. Os investigadores da Lava Jato estão "discutindo com Shinko o acordo de colaboração premiada, estando em curso a tomada de depoimento". É o que informou o Ministério Público Federal ao juiz federal Sérgio Moro, nos autos da Lava Jato. Nakandakari é importante testemunha para elucidar as relações de Duque com o esquema de propina na Petrobras.
Além de ter sido apontado como operador de propina em nome da empreiteira Galvão Engenharia - uma das 16 empreiteiras do cartel -, Nakandakari trabalhou por 12 anos na construtora Norberto Odebrecht.
- Shinko operacionalizava o pagamento de propinas por conta de contratos firmados entre a Galvão Engenharia, representada por Erton Fonseca, e a EIT Engenharia - afirmou Barusco. O ex-gerente de Engenharia era próximo de Nakandakari.
Segundo Barusco, Nakandakari é "um ex-diretor aposentado da Odebrecht". Eles eram amigos, "jantavam juntos e já viajaram". O nome do primeiro dos operadores da Diretoria de Serviços a tentar uma delação já havia sido apontado pelo executivo da Galvão Engenharia.
A informação contrapõe a versão da defesa do executivo Erton Medeiros de Fonseca, da Galvão Engenharia, que alegou ter sido ameaçado por Nakandakari a pagar R$ 8,3 milhões em propinas a um "emissário" da Diretoria de Serviços da Petrobras - no caso, o próprio Shinko Nakandakari.
- O sr. Shinko não era e nunca foi emissário (da Diretoria de Serviços). Ele é um engenheiro conhecido e muito respeitado no mercado, formado pela Escola Politécnica. Fez carreira internacional e tem o diploma reconhecido pela Universidade de Coimbra (Portugal). Possui uma trajetória de décadas de grandes obras de infraestrutura. Chegou a ocupar o cargo de diretor de uma das maiores empreiteiras do País. - declarou o advogado Rogério Taffarello.
Nakandakari confirma ter sido consultor da empreiteira Galvão Engenharia, segundo informou seu advogado, Rogério Fernando Taffarello.
- Ele (Nakandakari) foi procurado pela Galvão Engenharia com a finalidade de fazer consultoria para buscar o reequilíbrio financeiro de contratos (com a estatal). Jamais atuou como pessoa interposta da Petrobras ou qualquer outra empresa ou órgão público, em qualquer situação - declarou o defensor.
- As pessoas já o conheciam do mercado há décadas. Uma empresa que o procurou foi a Galvão Engenharia. De fato, ele prestou consultoria para a Galvão. ê diferente de ser emissário (da Diretoria de Serviços da Petrobras) - pondera o advogado.
