A opinião dos deputados da base aliada ajudou a sepultar a possibilidade de o governador José Ivo Sartori fazer um gesto simbólico neste momento em que seus secretários desenham um cenário tenebroso para os próximos meses.
Rosane de Oliveira: consultoria aponta rombo de R$ 7,1 bi nas contas do RS
"Vou pagar o preço que tiver de pagar", diz Sartori sobre aumentos
Sartori chegou a pensar em vetar o reajuste do próprio salário, mas resolveu consultar os deputados da base aliada, num encontro reservado, e a maioria sugeriu que sancionasse os aumentos.
Piratini argumenta que aumentos tiveram aprovação unânime dos deputados
Sancionados aumentos nos salários de governador, vice, secretários e deputados
A justificativa dos deputados é de que o subsídio do governador está congelado há oito anos (Tarso Genro recusou aumento) e que quem ocupa o cargo mais importante do Estado não pode ganhar menos do que um deputado.
Ninguém pensou no quanto o aumento para quem está no topo da pirâmide salarial torna difícil explicar para o andar de baixo que terá de fazer sacrifícios. Dizer que não foi ele quem propôs os aumentos é uma justificativa simplória. O governador tinha três possibilidades: sancionar, vetar ou se omitir, deixando para a Assembleia promulgar as leis.
Essa terceira seria a pior das hipóteses, por significar um atestado de covardia. Sartori decidiu pagar para ver: sancionou todos os reajustes aprovados pelos deputados. Deixou para a Assembleia apenas o plano de carreira dos servidores da Assembleia, que aumenta salários, corta funções gratificadas e cria uma figura que pode ser traduzida como "efetivação de CCs", para que possam se aposentar com os bons salários que recebem há anos, sem jamais ter feito concurso público.
É verdade que, no oceano das contas públicas, o aumento do governador e do vice é uma gotícula. Abrir mão do reajuste seria um gesto simbólico em um Estado falido e tiraria discurso da oposição. Sartori preferiu se aconselhar com deputados, torrou boa parte do seu patrimônio político e sancionou os aumentos no mesmo dia em que seus aliados foram apresentados ao resultado do trabalho de uma consultoria que aponta um rombo de R$ 7,1 bilhões nas contas de 2015.
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Rosane de Oliveira: faltou sensibilidade a Sartori
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Rosane de Oliveira
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