Sempre fui um atento leitor sobre tudo que se refere à II Guerra Mundial. Isso encorajou-me a fazer nesta coluna um despretensioso ensaio sobre como foram possíveis o surgimento e a desenvoltura de Adolf Hitler nas rédeas alemãs.
A pergunta-chave desta questão é se Hitler, com sua índole belicista, se encorajou sozinho a arremessar a Alemanha contra o resto do mundo - ou a vocação tradicionalmente bélica alemã foi que fez surgir das entranhas da pátria nazista um movimento que pretendia conquistar o mundo pelas armas. Ian Kershaw, sem dúvida o maior biógrafo de Hitler, em seu grosso volume de 1.077 páginas, que li por inteiro, tentou responder a essa pergunta. Em vão.
O que aquela monumental obra acabou por realizar foi semear ainda maiores dúvidas sobre essas indagações. Muita gente não sabe que Hitler era austríaco. E o menino Adolf, filho de um funcionário público, acabou por sair da Áustria para tentar dominar o mundo, mas via Alemanha. Como chegou até lá e o seu trágico fim o mundo inteiro o soube: suicidou-se com sua amante Eva Braun em Berlim, pondo fim assim à guerra mundial.
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Mas o que me fascina e intriga na história de Hitler é se foi ele que levou a Alemanha à suprema loucura da guerra ou se foi o intrínseco genoma bélico alemão o fator decisivo para Hitler jogar a Alemanha no despenhadeiro.
Lendo a história de Hitler, quase posso afirmar que os dois fatores se combinaram: Hitler precisava de uma Alemanha industrial e bélica para desenvolver seu projeto e, por sua vez, a Alemanha tinha de ter um grande líder que a arremessasse para o sonho alemão de domínio mundial. Foi assim que do ventre austríaco-alemão brotou o fruto podre de Hitler sem que ninguém jamais o tivesse abortado.
O fato é que sem dúvida nenhum outro homem como Hitler empreendeu tão vastamente a conquista da Terra, nem Átila, nem Gengis Khan, nem César. Ele foi talvez o maior estrategista militar entre os terrenos. Teve o mesmo fim, talvez mais trágico, que seus antecessores na ambiciosa tarefa de conquistar a Terra com uma campanha, exceção talvez aos Estados Unidos, que dominam o planeta manejando uma simples moeda, o dólar.
Opinião
Paulo Sant'Ana: o domínio da Terra
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