Enganou-se quem julgou ter visto na mensagem de Natal do papa Francisco aos brasileiros, lida em português e finalizada com o já emblemático "Rezem por mim", um sinal de que o pontífice não tardaria a escolher cardeais para sés como Brasília e Salvador. Na manhã deste domingo, Jorge Mario Bergoglio anunciou a nomeação de 20 purpurados - 15 deles com menos de 80 anos e, portanto, direito a voto em caso de conclave. E não há brasileiros entre os cinco latino-americanos nomeados pelo Pontífice.
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A partir de 14 de fevereiro, cidades como Rangún (Birmânia), Hanói (Vietnã) e Tonga (do arquipélago homônimo) contarão pela primeira vez com um cardeal. As nomeações correspondem à meta do Papa de reforçar a presença da chamada "periferia" católica no Colégio Cardinalício. No ano passado, ele já havia escolhido o primeiro cardeal haitiano, Chibly Langlois.
Paralelamente à recomposição do mais alto órgão colegiado da Igreja, Francisco promove o que vem sendo chamado pelos setores tradicionalistas de deratzingerizzazione (desratzingerização) - a remoção ou o esvaziamento do poder de aliados de Joseph Ratzinger, o hoje papa emérito Bento XVI. O caso mais recente foi o afastamento do cardeal conservador americano Raymond Burke do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica.