O nível "alerta de atentado", o mais alto em termos de vigilância e segurança na França, aplicado na região parisiense desde a matança na redação da revista Charlie Hebdo, foi estendido para a região da Picardia, onde os suspeitos do atentado foram localizados, anunciou o gabinete do primeiro-ministro.
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- Em função dos acontecimentos, o primeiro-ministro decidiu estender à Picardia o nível de atentado - indicou o gabinete de Manuel Valls.
Dois dos suspeitos do atentado contra a Charlie Hebdo, no qual 12 pessoas morreram, foram vistos nesta quinta-feira perto de Villers-Cotterêts, localidade dessa região, e unidades de elite das forças de ordem foram mobilizadas na área, segundo fontes da polícia.
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A perplexidade e a incredulidade das primeiras horas que se seguiram ao atentado contra o semanário satírico Charlie Hebdo foram substituídas pelo clima de apreensão e medo depois das ocorrências das últimas horas ainda não esclarecidas: uma policial foi morta por um atirador que disparou a esmo no sul de Paris, e locais de manifestação de fé muçulmana em diferentes regiões francesas foram atacados.
Uma operação de guerra está em curso para capturar os suspeitos de terem atacado a redação da publicação. Cerca de 3 mil policiais buscam deter dois suspeitos, identificados pelo Ministério do Interior como sendo os irmãos Chérif Kouachi e Saïd Kouachi, de 32 e 34 anos. O terceiro suspeito, Mourad Hamyd, de 18 anos, se entregou à polícia.
O empresário norte-americano naturalizado brasileiro Glen Homer mora há quatro anos em Paris, com a esposa e dois filhos. Sua impressão, nesta quinta-feira, foi de que Paris amanheceu em câmera lenta, com as pessoas atônitas. Próximo a sua casa ficam as Galerias Lafayette, conhecido centro de compras da capital.
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- O policiamento, que é sempre presente, foi reforçado. Estamos todos muito apreensivos devido às incertezas, a não saber exatamente o que está acontecendo. Mas o povo francês é combativo e não se deixa abater. As manifestações espontâneas dessa quarta-feira, as vigílias, são uma expressão dessa combatividade - declarou Homer.
Segundo ele, escolas, museus, comércios e repartições públicas funcionam normalmente, mas, devido ao alerta máximo de segurança, excursões e passeios escolares foram suspensos.
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O empresário considera pouco provável que a população reaja aos ataques responsabilizando estrangeiros ou grupos religiosos.
- Principalmente em Paris, onde é grande o número de estrangeiros, a maioria das pessoas entende que a violência é a manifestação de uma minoria radical. E como as principais lideranças muçulmanas se anteciparam e condenaram o ataque ao Charlie Hebdo, acho que uma caça às bruxas "não deverá ocorrer".
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A jornalista francesa Karima Saidi tem opinião semelhante. Segundo ela, como os terroristas ainda não foram presos e suas motivações reais não são conhecidas, o principal debate entre os franceses, no momento, diz respeito aos limites da liberdade de expressão. Francesa de ascendência árabe, Karima, no entanto, não esconde o medo de que a situação se radicalize.
- Há muita solidariedade, mas, ao mesmo tempo, muito medo. Medo de que as coisas piorem e a violência aumente devido à ação de um grupo minoritário.
* Zero Hora, com agências